Agência Brasil (Brasília) – Responsável pelo fim do regime de
segregação racial na África do Sul, o apartheid, Nelson Mandela, de 95
anos, conquistou o respeito de adversários e críticos devido aos
esforços em busca da paz. Ele foi o primeiro presidente negro da África
do Sul, de 1994 a 1999, e recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1993.
Mandela morreu hoje (5) em decorrência de problemas respiratórios.
O líder ficou conhecido como Madiba (reconciliador) devido ao clã a
que pertencia e recebeu o título de O Pai da Pátria. A Organização das
Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela em
defesa da luta pela liberdade, justiça e democracia. Ao visitar o
Brasil, em 1992, Mandela conversou com o então presidente Fernando
Henrique Cardoso. Bem-humorado, Mandela disse que gostava muito de uma
ave tipicamente brasileira – o papagaio – e arrancou risos dos
presentes.
No Rio de Janeiro, Mandela foi a um show de Martinho da Vila, no
Sambódromo, e demonstrou entusiasmo ao ver uma apresentação de capoeira.
Ao lado do então governador Leonel Brizola (que morreu em 2004),
Mandela acompanhou o ritmo do samba e agradeceu as manifestações de
apoio da plateia.
Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, pela
terceira vez, com Mandela. Segundo Lula, sua trajetória política foi
marcada por duas influências intensas: Mandela e Fidel Castro,
ex-presidente de Cuba e líder da Revolução Cubana, em 1959.
De uma família sul-africana nobre, do povo thembu, Mandela ficou 27
anos preso em decorrência de sua luta em favor da igualdade racial, da
liberdade e da democracia. Na prisão, ele escreveu sua autobiografia.
Preparado pela família para ocupar um cargo de chefia tribal, Mandela
não aceitou o posto e partiu em direção a Joanesburgo para cursar
direito e fazer política.
Com amigos, Mandela criou a Liga Juvenil do Congresso Nacional
Africano (CNA), cuja sigla em inglês é Ancyl. Ele foi eleito secretário
nacional da Ancyl e executivo nacional do CNA. O princípio da sua
política é a paz.
Na prisão, Mandela não tinha contato com o exterior, pois não podia
receber jornais e notícias externas. Mesmo no período em que esteve
preso, Mandela recebeu homenagens. No dia em que deixou a prisão foi
recebido por uma multidão. Ele gritava: “Poder” e os manifestantes
respondiam: “Para o Povo”.
A eleição de Mandela foi um marco na história do país, definindo a
nova África do Sul com um processo de reconciliação entre oprimidos e
opressores. Em 1992, o resultado do referendo entre os brancos dá ao
governo, com mais de 68% de votos, o aval para as reformas e permite uma
futura constituinte.
Em 2001, Mandela foi diagnosticado com câncer de próstata, mas apesar
do tratamento ele fez campanha em favor do combate à aids, um dos
principais problemas de saúde pública na África do Sul. Ao completar 85
anos, ele anunciou a aposentadoria.
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