PT perde um de seus maiores quadros
247 - O governador Marcelo Déda Chagas (53)
faleceu na madrugada (4h45, horário de Brasília) desta segunda-feira, 2
de dezembro de 2013. Desde setembro do ano passado, ele lutava contra um
câncer no estômago. Déda se licenciou do governo no último dia 27 de
maio e fazia tratamento contra a doença no Hospital Sírio-Libanês, em
São Paulo. O governador, casado com Eliane Aquino, deixa cinco filhos. A
informação sobre o falecimento foi feita pelo Twitter do próprio Déda
(rede social que ele usava frequentemente, inclusive, durante todo o
tratamento): "O céu acaba de ganhar mais uma estrela, Marcelo Déda voou
'nas asas da quimera'. Paz & Bem - família Marcelo Déda". Ainda não
há informações sobre o velório e o enterro. Sabe-se apenas que o velório
ocorrerá no Palácio-Museu Olímpio Campos, no centro de Aracaju.
Durante o domingo (1º), políticos de diferentes linhas ideológicas já
lamentavam o agravamento da doença e postavam mensagens de
solidariedade nas redes sociais (leia aqui).
Na noite do sábado (1º), o hospital emitiu um boletim de ocorrência em
que informava sobre o agravamento do quadro clínico (leia aqui).
Em junho, quando foi submetido a uma delicada cirurgia - extração do
baço -, Déda gravou um áudio, onde pedia orações ao povo sergipano (leia
aqui).
Na luta contra a doença, Marcelo Déda deu exemplo de garra e
determinação pela vida e também da sua disposição em trabalhar pelo
Estado de Sergipe. Mesmo em tratamento, ele se manteve a frente do
governo, em prol da aprovação do Proinveste, projeto que destinou mais
de R$ 720 milhões, em recursos federais, para Sergipe. Sua ação
política, neste caso, foi reconhecida até pela oposição, que em primeira
votação rejeitou o empréstimo, mas diante de um canal de diálogo aberto
com todas as lideranças políticas do Estado, Déda conseguiu reverter o
quadro e aprovar o empréstimo.
No dia da sanção do programa, em 13 de maio, o governador realizou um
discurso histórico e emocionante – o último antes de se licenciar do
cargo. “Estou aqui por dois grandes motivos: primeiro, porque eu fiz da
política a minha grande vocação, a minha vida. A política me deu tudo:
prestigio, visibilidade, um salário, é do que vivo. Os sergipanos me
deram algo difícil de encontrar num político brasileiro: quatro eleições
do Executivo ganhas no primeiro turno (duas de prefeito, duas de
governador). Como não retribuir? Como desistir, como deixar pra lá? Eu
não consigo, eu não consigo, eu não consigo. Não sou capaz de decifrar
os enigmas de Deus. Deus é insondável. O que ele está querendo com isso,
não sei e nunca saberei. Mas me compete, na história, que é no terreno
onde sempre operei, buscar fazer aquilo que me fez Marcelo Déda”, disse.
Na oportunidade, ele também afirmou que não renunciaria ao mandato:
“Quero dizer aos sergipanos que enquanto Deus me der força e a medicina
conseguir me manter em pé, eu continuarei buscando trabalhar pelo Estado
de Sergipe, dentro do mandato que o povo sergipano me deu, com o apoio
de Jackson e dos meus secretários. Não acreditem que o Estado está
parado. Acompanho todas as questões de Sergipe. Só paro quando estou na
quimioterapia. O Governo não para”, disse.
No entanto, naquele dia, o governador lamentou não poder entregar ele
próprio algumas obras. “Temos sete rodovias para entregar. Não sei se
estarei presente, mas vou autorizar o vice entregar, porque não quero
que nada se atrase, em função de mim. É claro que tem obras que
planejei, que escolhi fazer, como, por exemplo, o revestimento asfáltico
de Santa Rosa do Ermírio a Sítios Novos. Meu coração fica pesado porque
eu queria estar lá. Muito mais do que estar lá para cortar a fita,
muito mais do que por vaidade, eu queria estar ali para ver aquilo que
me fez entrar na política, que é o sorriso do meu povo, a felicidade da
entrega da obra. A maior dor tem sido essa. Fazer a obra e não colher os
sorrisos. No fundo é o maior ordenado que eu tenho, é o sorriso na face
dos sergipanos. Hoje fiquem felizes todos, da oposição e do Governo,
porque os senhores semearam sorrisos. Sorrisos que eu não sei se vou
colher, mas quando forem colher, lembrem-se de mim”, afirmou.
Em 29 de janeiro, quando esteve em Sergipe, a presidente Dilma
Rousseff (PT) destacou a importância de Marcelo Déda: "Ele fala com a
alma de forma clara e mostrando sentimento e paixão. Quem fala dessa
forma, são pessoas que são vistas na história da humanidade como
especiais, e Déda é especial, pois consegue dizer e fazer". No último
dia 25 de outubro, a presidente visitou o governador no Sírio-Libanês.
Governador de Sergipe em segundo mandato (eleito no primeiro turno
nas duas ocasiões), Marcelo Déda foi um dos fundadores do PT no Estado,
partido pelo qual sempre militou. Foi deputado estadual e federal.
Desempenhou a liderança do PT e do bloco de oposição na Câmara. Déda
também foi prefeito de Aracaju, capital de Sergipe, por dois mandatos
(nas duas ocasiões também eleito em primeiro turno) – entre 2001 e 2006.
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