"Se a corrupção no país virou moda, eu vou embora antes que honestidade vire crime" (Nicanor Bessa da Silva, cantor de rap e pensador popular).
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Como
é que o ex-bilionário Eike Batista sai de fininho do Brasil, assobiando
no Galeão, às vésperas de ser preso numa operação da Lava Jato batizada
de "Eficiência"?
Não
há mais controle de passaportes nos aeroportos? Eike já não estava
"fichado" na polícia como diz o pessoal da PF? Ou houve mais um
"vazamento" na operação e ele aproveitou para "vazar"?
Agora,
enquanto o empresário é considerado foragido e procurado pela Interpol,
a sua defesa negocia com as autoridades os termos da rendição.
Fica-se
sabendo que o juiz federal Marcelo Bretas pediu sua prisão no último
dia 13, mas o mandado só chegou à Polícia Federal no dia 25, às vésperas
da fuga. Tudo coincidência?
No
mesmo dia em que Sergio Cabral é mais uma vez denunciado por receber
propinas de Eike Batista, o governador Pezão vai a Brasília para
implorar ajuda porque o Rio está quebrado, "não tem mais recursos para
nada".
Por que não pede a devolução da arca de dólares, barras de ouro e diamantes que seu padrinho político roubou?
De
uns tempos para cá, habituamo-nos a conviver com as maiores
barbaridades, como se tudo fosse muito natural, assim como tomar um copo
d´água ou puxar a descarga no banheiro.
Nada
mais é capaz de chocar a distinta platéia nativa neste teatro do
absurdo encenado em Brasília que parece tomada por um exército de
ocupação ávido e faminto.
Ministros
do Supremo Tribunal Federal, juízes, procuradores, partidos políticos,
associações corporativas em geral e até excelências denunciadas na Lava
Jato anunciam listas com seus favoritos para a vaga deixada por Teori
Zawascki, como se fosse um concurso de miss.
Quando o anormal vira uma coisa natural, algo está errado. Isto não é normal.
Citado
43 vezes por um único delator da Odebrecht, o presidente Michel Temer
dá uma carona para o ministro Gilmar Mendes no avião da FAB até Lisboa
e, na mesma semana, o recebe para um jantar de domingo na residência
oficial.
Quando
se sabe que Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em breve
poderá ser chamado a julgar Temer, a explicação de que são amigos há
mais de 30 anos parece uma coisa natural, mas não é normal numa
democracia minimamente civilizada.
Quando
o delegado Igor de Paula, da força-tarefa da Lava Jato, que fez
campanha para Aécio Neves nas redes sociais em 2014, anuncia que a
prisão do ex-presidente Lula deve ocorrer entre 30 e 60 dias, ninguém
pergunta em que se baseia a sua previsão.
Desde quando existe prisão com prazo pré-estabelecido numa investigação ainda em andamento?
Dá-se
de barato que Rodrigo Maia, o "Botafogo" da lista da Odebrecht,
continue na presidência da Câmara por mais dois anos, embora a
Constituição impeça a reeleição na mesma legislatura.
Se a direção do PT admite apoiar o candidato do governo que chama de golpista, algo realmente está errado. Não é normal.
Em fevereiro, tem carnaval.
Bom fim de semana.
Vida que segue
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