Nos
últimos anos, poucos empresários brasileiros foram tão próximos do
poder quanto Eike Batista. Sua ascensão meteórica foi impulsionada por
uma intensa troca de favores com políticos. O dono do grupo X era o
amigo bilionário, sempre disposto a bancar campanhas, emprestar jatinhos
e abrir portas no mundo dos negócios.
O empresário procurava agradar a todos, sem distinção partidária. Em
2006, fez doações idênticas de R$ 1 milhão para Lula e Geraldo Alckmin.
Em 2010, repetiu a dose com Dilma Rousseff e José Serra. Até Marina
Silva, que não tinha chances de vitória, recebeu sua cota de R$ 500 mil.
A lei permitia o financiamento privado, e Eike dizia que seu objetivo
era contribuir com a democracia. Suas tacadas dependiam de ações do
poder público, como a liberação de licenças ambientais e empréstimos do
BNDES, mas ninguém parecia preocupado com o conflito de interesses. Se
todos estavam felizes com o patrocínio, quem haveria de reclamar?
Em Brasília, o então bilionário era visto como um parceiro das
gestões petistas. No governo Lula, virou campeão de multas por
desmatamento, mas foi recebido com festa pelo ministro do Meio Ambiente.
No governo Dilma, conseguiu vestir a presidente da República com o
macacão laranja de sua petroleira.
No Rio, Eike investiu pesado na relação com Sérgio Cabral. Além de
apoiar campanhas, financiou vitrines da gestão do peemedebista, como as
unidades de polícia pacificadora e a candidatura para sediar os Jogos
Olímpicos. Em 2008, quando a PF levantou as primeiras suspeitas sobre o
empresário, o governador abriu o palácio para defendê-lo. Foi um amor
eterno enquanto durou.
Nove anos depois, Cabral está preso em Bangu e Eike é procurado pela Interpol,
acusado de ocultar dinheiro de propina. O empresário que bancava os
poderosos já deixou de ser bilionário. O próximo passo é deixar de ser
amigo, quando tiver que escolher entre a cadeia e o acordo de delação
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