Os
políticos ameaçados pela Lava Jato querem que o Supremo Tribunal
Federal deixe a delação da Odebrecht para depois. Até a semana passada, a
coalizão de investigados tinha pouca esperança de atrasar o acordo da
empreiteira com a Justiça. O relator Teori Zavascki estava decidido a
homologar os depoimentos em fevereiro. Com isso, o fim do mundo chegaria
antes do Carnaval.
A
morte do ministro deu um alento a quem sonha em frear a operação. Isso
explica o impasse e as disputas em torno da indicação do novo relator
dos casos. A escolha será decisiva para o futuro de deputados,
senadores, ministros e do presidente Michel Temer, citado 43 vezes por
um lobista da construtora.
Como
não é possível garantir que o novo relator seguirá o ritmo de Teori, as
delações correm um risco real de acabar na geladeira. Isso não ocorrerá
se a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, homologar os depoimentos até a
próxima terça, último dia do recesso do Judiciário.
Se
a ministra confirmar o acordo, ninguém mais será capaz de "estancar a
sangria", pelo menos nesta fase das investigações. É por isso que Cármen
tem sido aconselhada a homologar logo as delações, numa "homenagem" à
memória de Teori.
No início da semana, dois movimentos abriram caminho para essa solução. Numa das frentes, o procurador Rodrigo Janot fez um pedido formal de urgência para o caso. Na outra, a presidente do Supremo autorizou os três juízes que auxiliavam Teori a retomar os trabalhos. Agora a decisão está nas mãos da ministra.
Enquanto ela não age, as pressões se avolumam. Nesta quarta (25), o ministro Gilmar Mendes foi visitá-la e declarou que aceitaria com "naturalidade" a
tarefa de ser o novo relator da Lava Jato. No domingo, ele passou horas
fechado com Temer no Palácio do Jaburu. Segundo a assessoria do
ministro, tratou-se de um encontro de "amigos há mais de 30 anos". É
melhor Cármen se apressar.
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