Texto de Alex Solnik no 247
Vi
ontem no “Fantástico” uma cena que poderia ser apenas “um encontro de
amigos de 30 anos”, num final de tarde de domingo, como o próprio texto
narrou, se os três amigos não fossem quem são - Michel
Temer, presidente da República; Moreira Franco, um de seus ministros
mais íntimos e o ministro do STF, Gilmar Mendes - e o momento não fosse
um dos mais delicados da vida nacional, três dias depois da morte do
ministro relator da Lava Jato Teori Zavascki, que estava para homologar
delações de diretores da Odebrecht que envolvem Temer e Moreira Franco,
este sob o apelido “Angorá” em denúncias de corrupção.
Foram
filmados na varanda do Palácio do Jaburu, em trajes esportivos,
aparentemente alheios à crise que tomou conta do país depois que o avião
em que Teori viajava caiu no mar, suscitando suspeitas em grande
parcela da população, desconfiada de que houve um atentado, apesar das
evidências apontarem em outra direção.
Temer
e Gilmar são reincidentes. Em viagem recente ao velório do ex-primeiro
ministro de Portugal, Mário Soares, o presidente da República deu
“carona” no avião presidencial ao ministro do STF que é também
presidente do TSE, onde corre o processo de cassação da chapa
Dilma-Temer.
Agora
o caso é ainda mais grave. Discute-se quem irá herdar a relatoria da
Lava Jato. Já se chegou ao consenso de que a presidente do STF Carmen
Lúcia deverá redistribui-la entre os colegas atuais por sorteio. Mendes,
portanto, pode ser o escolhido.
Os
três amigos não deram a menor importância ao dispositivo da
constituição que determina a separação dos Três Poderes e afrontaram a
opinião pública com a sua falta de pudor.
Não dá para Temer nem Gilmar afirmarem, dessa vez, que estavam apenas jogando conversa fora.
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