O Valor de hoje confirma o que já se vinha comentando no mercado: o clã Odebrecht vai vender a empresa.
Esta história de IPO e abertura do capital é apenas uma
versão edulcorada de uma equação muito simples: fazer o dinheiro da
família ficar limpo da mancha da corrupção e limpar a marca da mancha da
corrupção, “sob nova direção”.
Os braços da empresa já foram ou estão sendo negociados.
O ramo de tecnologia militar, por exemplo, já foi repassado à
israelense Elbit que vem comprando, faz tempo, empresas brasileiras,
como a Aeroespacial e Defesa, que acaba de firmar um contrato de US$ 100
milhões com o Ministério da Defesa, para a produção de estações
automáticas de armas e a AEL Sistemas, que produz aviônicos e sistemas
eletrônicos de combate.
A anunciada abertura de capital servirá para limpar as
dívidas dos acordos de leniência e outras punições captando dinheiro no
mercado e, em seguida, transferir a direção – via acordo de acionistas –
ou a própria propriedade com com menores aportes de capital.
A família vai, assim, se livrando de uma empresa que é
dependente como poucas outras de interface com governos – aqui, de todos
os níveis – e no mundo.
E o Brasil, como publicou no seu site o Clube de Engenharia,
vive a maior crise de sua história no setor, com o desmonte de sua
capacidade técnica e humana e de uma das poucas áreas onde tínhamos
igualdade tecnológica com o exterior.
Estão interrompidos empreendimentos de porte, alguns já em
estágio avançado de execução,como as obras do Comperj, Angra III, nosso
submarino a propulsão nuclear, a refinaria Abreu e Lima no Nordeste, a
transposição do São Francisco e muitos outros. Os prejuízos já chegam a
dezenas de bilhões de reais e o desemprego por milhões de trabalhadores.
Os recursos recuperados com grande alarde, como resultado
das corrupções descobertas, são uma fração dos prejuízos causados pela
interrupção das obras. Para onde está o Brasil sendo conduzido? Que país
vai sobrar ao final desses processos? Assiste-se à destruição de nossas
maiores empresas de engenharia. Diante dos desmandos que houve nessas
empresas, exigimos que os responsáveis por eles sejam processados, e os
culpados condenados, mas não aceitamos a destruição das empresas de
engenharia e o fim de empregos de nossos engenheiros e demais
trabalhadores.
O Brasil está sendo conduzido para a liquidação como país, é
simples assim. Em nome da moralidade, todos eles continuarão ricos,
muito ricos e o país, mais pobre ainda.
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