A revista "Forbes", que durante anos sempre expressou severas
críticas à condução da política econômica nas gestões dos ex-presidentes
Lula e Dilma, surpreendeu boa parte de seus leitores na edição da
última quarta-feira, 18, com reportagem prevendo a queda do governo
Temer e o surgimento de nova crise no Brasil.
A publicação aponta três sinais para essas mudanças. A primeira é a
possibilidade crescente de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
reconheça as acusações de improbidade na chapa Dilma-Temer na eleição de
2014. A ação, curiosamente, foi apresentada pelo PSDB, hoje um dos
partidos aliados do governo. O segundo motivo, segundo a "Forbes", seria
a dissolução de parte da base aliada, preocupada com seu futuro
político nas eleições de 2018. O terceiro motivo seria a rejeição de 64%
do governo face às reformas propostas na Previdência e no mercado de
trabalho, além da lenta recuperação da economia.
O secretário adjunto para Assuntos Internacionais da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), Ariovaldo Camargo, concorda em parte com o
diagnóstico traçado pela publicação.
"É um pouco natural que aqueles que se
posicionaram a favor do golpe, como a grande mídia brasileira,
perceberam as dificuldades que o governo Temer vem tendo a partir do
momento em que apresenta duas pautas muito contraditórias no cenário
brasileiro (a reforma trabalhista e a da Previdência). É muito provável
que a própria base parlamentar comece a abandonar um pouco esse
projeto", diz o membro da CUT.
Para Camargo, o enfraquecimento do governo demonstra que os próximos dois anos seriam de muitas dificuldades.
"O governo, que é fruto de um golpe, não tem moral para apresentar à
sociedade determinadas questões como essas que são muito cruciais para a
vida de qualquer cidadão brasileiro — a perspectiva de sua
aposentadoria e a forma de reger seu contrato de trabalho. Diante desse
quadro me parece que o governo caminha mesmo para não continuar seu
mandato. Acho que a via que vão buscar é a do Tribunal Superior
Eleitoral, na perspectiva de buscar uma eleição indireta no futuro para
tentar salvar aquilo que eles querem fazer, porque a sociedade não tem
no Temer a confiança que ele julgava ter para fazer medidas tão
estruturantes na economia e na vida do povo brasileiro", afirma o
secretário.
Camargo também diz que são evidentes os sinais de que o país já começa a viver o pré-calendário de 2018.
"Não é por motivo qualquer que tem projeto na
Câmara dos Deputados, na Comissão de Constituição e Justiça, prevendo
que nenhum cidadão brasileiro pode concorrer a três mandatos na
presidência da República. Estamos chamando de Projeto Anti-Lula, porque
ele é o único que pode ser atingido e Fernando Henrique Cardoso, que
certamente não é pré-candidato a mais nada. Isso não vale para
governadores, nem para prefeitos, só para presidente da República",
ironiza.
Camargo diz que os deputados que pretendem se eleger no próximo ano
não querem ter seus nomes vinculados à aprovação dessas propostas. O
secretário da CUT garante, porém, que o movimento sindical vai colocar
em cada estado a fotografia do deputado que votar a favor da reforma da
Previdência.
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