Ricardo Boechat - IstoÉ
A
volta de doenças típicas de países subdesenvolvidos, como a febre
amarela, assassinatos em série nos presídios, desemprego em alta
decorrente de uma crise econômica longe do fim, estados falidos e o
antagonismo crescente entre classes no Brasil. Em meio a muitas notícias
ruins nesse início de 2017, surge algo positivo. Foram consolidados os
dados sobre os transplantes no País. No ano passado, alcançamos a marca
de 14,6 doadores por milhão de habitantes (pmp), melhor que a observada
em 2015: 14,1.
O
nosso País se destaca nesse campo no contexto mundial. Para ser
preciso, de 2000 a 2016 foram 403 mil 368 cirurgias para implantação de
órgãos e tecidos. Os números notáveis falam por si. Em 16 anos foram
156.316 transplantes de córneas, 150.801 de ossos, 71.329 de rim, 20.329
de fígado, 3.534 de coração, 2.688 de pâncreas, 913 de pulmão, 146 de
pele (a partir de 2010) e nove de intestino. As informações são da
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Ainda
existe espaço para crescimento e tudo está sendo feito para envolver
mais estados na rede, além das crescentes ações para aproximar a
população do tema.
Cerca
de 95% dos procedimentos são realizados pelo SUS. E aqui reside um
ponto importante: apesar da crise vivida pelo País, as autoridades têm
que se empenhar ao máximo para não deixar faltar remédios na rede
pública. Um transplantado precisará deles a vida inteira. Em alguns
casos, como os envolvendo a implantação de um coração, pulmão e fígado, a
paralisação significa morte certa em pouco tempo. Se a pessoa que
recebeu um rim não tomar medicamentos, em cerca de 15 dias perde o órgão
e volta à hemodiálise.
O
SUS aplicou muitos recursos nesse quase meio milhão de transplantes.
Que os investimentos prossigam, favorecendo quem se beneficiou com as
cirurgias ou os milhares ainda inscritos no Registro Brasileiro de
Transplantes, aguardando a hora de ir para salas de cirurgia e, depois,
experimentarem outra qualidade de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário