Fica
um saldo de feridas políticas e econômicas do ano que termina daqui a
uma semana. É impossível esquecer 2016, mesmo que se queira. Os traumas
vão perdurar.
A
presidente da República sofreu um impeachment com menos de dois anos de
mandato sob acusação de crime de responsabilidade por meio de manobras
fiscais. O presidente da Câmara caiu na Lava Jato, renunciou, foi
cassado pelos pares e passará o Natal em um presídio.
O
presidente do Senado vai encerrar sua gestão na condição de réu pelo
crime de peculato, denunciado em outro caso por lavagem e corrupção, e
investigado em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal.
O
STF, aliás, entrou em férias com as togas carimbadas pelo acordão que
manteve Renan Calheiros no cargo. São estranhos tempos em que
integrantes do tribunal mais importante do país julgam para ficar bem na
foto, não se inibem em discutir voto por trás das cortinas e desferem
ataques públicos a colegas simplesmente porque discordam deles.
Em
sete meses, o governo do substituto da presidente da República afastada
não conseguiu tirar a economia do buraco. Enquanto lá fora há mostras
de otimismo para 2017, aqui dentro temos de nos contentar com medidas
paliativas anunciadas de última hora pelo Planalto.
Alguns Estados, por exemplo, começam janeiro sem saber se pagarão o salário do mês de seus servidores.
O
balanço do sombrio ano que finda logo mais deveria servir para
possíveis mudanças de comportamento dos protagonistas dos três Poderes.
Mas
as perspectivas são preocupantes. Os primeiros sinais vêm do Congresso.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o "Botafogo" na delação da Odebrecht, busca um jeitinho jurídico de atropelar as regras e se reeleger para o cargo em fevereiro.
E
o favorito para comandar o Senado, Eunício Oliveira, o "Índio" na
planilha da empreiteira, é acusado de receber R$ 2,1 milhões em troca da
aprovação de medida provisória.
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