Como eu mereço algum castigo por
meus pecados, assisto neste momento a Globonews, depois de passar o dia
lendo os sites dos grandes jornais.
Não dá para contar a quantidade de barbaridades primárias que escuto.
Por exemplo, que a flexibilização
das leis trabalhistas iria aumentar o emprego, quando é justamente o
contrário, óbvio, porque o empresário que hoje tem de ter dois
empregados para cobrir o funcionamento de seu estabelecimento poderá ter
apenas um.
E nem uma palavra dos jornalistas
sobre Michel Temer ter dito que sua “suposta” (suposta?) impopularidade o
ajuda a implementas as “reformas”, como se um presidente sem diálogo
com a população, incapaz de ir até a velórios, pudesse convencer o povo
brasileiro.
Não pode, claro e cada vez menos
poderá impor, com a cumplicidade de deputados e senadores tão
desmoralizados quanto os que temos.
Sobre o tema, que abordei de
passagem hoje, mais cedo, Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo,
publica um texto demolidor, para presidente e jornalistas, que
reproduzo abaixo:
Temer ainda teve tempo, no finalzinho de 2016, para proferir uma frase destinada à antologia das obtusidades.
Sequer original ele foi. Tomou a sentença do publicitário Nizan Guanaes.
“Um governo com popularidade
extraordinária não poderia tomar medidas impopulares”, disse ele nesta
quinta num encontro com jornalistas.
“Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares.”
Ele se referia à reforma na legislação trabalhista e às mudanças na Previdência.
O mais pitoresco foi o uso do adjetivo suposto com o qual Temer se referiu ao apoio da sociedade a seu governo.
Suposta impopularidade?
Um momento: alguém tem dúvida disso? Temer vem batendo sucessivos recordes de rejeição. Cada pesquisa é pior que a anterior.
Não foi tudo.
Numa inversão monumental, ele conseguiu dizer que um governo popular não conseguiria aprovar medidas impopulares.
Desde quando?
É exatamente o contrário.
Administrações populares — sobretudo em seus primeiros meses — são as mais talhadas para passar medidas impopulares.
Como cientista político, aspas, Temer revelou-se uma tragédia ao proferir uma barbaridade daquelas.
Para completar o circo, nenhum dos jornalistas presentes o questionou sobre a abstrusa tese que ele fabricou.
É como se eles, a exemplo do que ocorreu no infame Roda Viva, estivessem dizendo a Temer: “Tamos juntos, presidente!”
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