Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
Em
café da manhã com jornalistas, Michel Temer voltou a esnobar a opinião
das ruas. Ele disse que o fato de ser rejeitado pela maioria da
população não o "incomoda". Segundo o Ibope, 72% dos brasileiros não
confiam no presidente. De cada dez pessoas, só uma aprova o governo, diz
o Datafolha.
Os
números deixariam qualquer político preocupado, mas parecem não tirar o
sono do atual inquilino do Planalto. "Dizem que há impopularidade. Isso
me incomoda? Não, digamos assim, é desagradável, mas não me incomoda
para governar", disse Temer nesta quinta-feira (22).
O
presidente, que assumiu o cargo pela via indireta, comparou a aprovação
popular a uma jaula. "Estou aproveitando a suposta impopularidade para
tomar medidas que são fundamentais para o país", afirmou.
Ele citou um conselho do publicitário Nizan Guanaes,
que o incentivou a acelerar reformas sonhadas pelo empresariado como a
flexibilização da CLT. "Aproveite sua impopularidade. Tome medidas
amargas", sugeriu o marqueteiro, recém-nomeado para o Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social.
Ninguém
defende que os governantes se guiem apenas pela busca do aplauso. No
entanto, é estranho ser governado por quem diz saber o que é
"fundamental para o país" e demonstra pouco interesse em ouvir a opinião
da sociedade.
O
presidente poderia aproveitar o Natal para refletir sobre o que o
levou, em pouco tempo, a ser tão rejeitado quanto a antecessora. Segundo o Datafolha, 75% dos brasileiros acreditam que ele defende os ricos, e 58% o consideram desonesto.
Nesta
quinta, Temer convidou o presidente da Fiesp para falar a favor da
reforma trabalhista, que dá vantagens aos empregadores e tira direitos
dos empregados. Mais cedo, ele saiu em defesa do chefe da Casa Civil,
acusado de receber propina da Odebrecht. "Não vou trocar o ministro
Padilha", informou. "Na verdade, ele continua firme e forte."
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