A
etapa é de testes. Em todos os setores com envolvimento, direto ou
indireto, nos últimos acontecimentos. Cada qual dando passos além do seu
limite legal, ético ou moral, para ver até onde consegue elevar o seu
poder sobre as demais instituições.
O
que antes podia ser abuso, leviandade e prepotência, passou a
constituir uma luta de cabeças transtornadas pela sua "autoridade", ou
de grupos com ganância de poder. Fase que se insinuou com a desvairada
flor carnívora apresentada pelo procurador Deltan Dallagnol, com 14
pétalas venenosas emitindo flechas acusatórias a um nome no centro
–contra o qual, Lula, o obcecado acusador imaginava estar apresentando
provas, mas só trouxe palavras alheias e compradas por liberdade, ou
ilações suas. Um delírio televisivo.
Passados
dois anos de vale-tudo e alguns meses de luta por predomínio
institucional, esse estado de coisas começa, enfim, a enfrentar reações
de fato. No devido lugar: o Judiciário. Trata-se agora de requerimento
da defesa de Dilma Rousseff, ao Ministério Público Eleitoral, para que o
ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, seja ao menos
investigado. Há um esforço, bastante numeroso, para que prevaleça a
explicação de que Azevedo equivocou-se em afirmações, mas não cometeu
falso testemunho. A atenuação também tem base falsa.
Otávio
Azevedo mentiu. Ao acusar, em sua delação, a campanha de Dilma de
receber da Andrade Gutierrez R$ 1 milhão ilegais, Azevedo elaborou a
falsidade, com o pormenor de um encontro entre ele, Edinho Silva e outro
petista, para acertar a doação. Atitude de mentiroso profissional e,
parece claro, de espertalhão fazendo mais agrados premiáveis aos
promotores e ao juiz da Lava Jato.
A
defesa de Dilma apresentou ao TSE comprovante do pagamento de R$ 1
milhão. Não foi em dinheiro, foi em cheque. Nominal: para Michel Temer. O
tal encontro com Edinho Silva e seu companheiro não existiu. Convocado
ao TSE, Azevedo alegou equívoco. Mas equívoco não inclui encontros não
havidos, pedidos não feitos, nem nomes de pessoas cuja citação as
complicaria.
Mais
simples, e não menos sugestivo, um outro equívoco atesta a condição de
mentiroso de Otávio Azevedo. Verificada a divergência entre o valor
declarado pelo depoente e o documentado, como dinheiro da Andrade
Gutierrez destinado a Aécio Neves, veio o aumento: é, não foram R$ 12,5
milhões, foram R$ 19 milhões. Mais 50% que ele subtraíra, no seu jogo de
dedo duro para um lado e proteção para o outro.
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