Os advogados da campanha de Dilma
Rousseff pediram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que investigue as
doações da Andrade Gutierrez para a candidatura do senador Aécio Neves
(PSDB-MG) à presidência em 2014. A petição se baseia no depoimento que
Otávio de Azevedo, ex-presidente da empreiteira, prestou ao TSE em
novembro, no âmbito de ação movida pelo PSDB que julgará a cassação da
chapa Dilma-Michel Temer por supostas irregularidades na campanha.
Nesse depoimento, Azevedo disse que,
diferentemente do que havia informado, verificou seus recibos e viu que
doou para a campanha de Aécio R$ 19 milhões, e não apenas R$ 12,6
milhões, como estava registrado na prestação de contas dos tucanos
consultada por ele no site do TSE.
Foi também nesse depoimento que o executivo mudou sua versão e
afirmou que, diferentemente do que havia dito antes, não repassou
propina para a chapa Dilma-Temer na eleição de 2014 –o que poderia levar
à cassação da chapa e, consequentemente, à perda do mandato de Temer.
"Dos R$ 33,2 milhões que doamos ao PSDB [nacional], R$ 19 milhões o
partido transferiu para a campanha do Aécio. Não foram R$ 12,6", disse
Azevedo. Na verdade, o site do TSE registra R$ 12,7 milhões da Andrade
para Aécio.
Na petição ao TSE, o PT classificou a
retificação como um "fato de extrema gravidade que pode, em tese,
determinar que as contas de Aécio sejam julgadas irregulares", caso
fique comprovado que o PSDB não declarou tudo o que recebeu da
empreiteira.
"A Andrade Gutierrez teria doado um
total de R$ 19 milhões, mas, no site do TSE, somente teriam sido
lançados como receita R$ 12,6 milhões, o que significa uma elevada
diferença de R$ 6,4 milhões que não se sabe para onde foram e como foram
declarados", apontou o PT ao TSE.
À Folha o PSDB
confirmou que recebeu da Andrade os R$ 19 milhões, mas afirmou que só
uma parte foi enviada diretamente para a campanha de Aécio. Outra parte
foi pulverizada entre candidatos parceiros e, por fim, cerca de R$ 1,4
milhão ficou no caixa único do comitê, não sendo possível rastrear sua
origem.
EXECUTIVO NA MIRA
Na última sexta (16), atendendo a pedido
da defesa de Dilma, o vice-procurador-geral Eleitoral, Nicolao Dino,
pediu à Procuradoria da República no Distrito Federal que apure a
mudança de versão de Azevedo sobre a propina para a chapa Dilma-Temer.
Para o PT, Azevedo cometeu falso testemunho a fim de prejudicar o
partido.
Dino pediu ainda que se investigue se o
novo depoimento de Azevedo é compatível com sua delação premiada na Lava
Jato – já que, para ter benefícios, ele não pode mentir.
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