Folhapress
O advogado Marcolino Nunes Pinho, defensor dos dois homens que
espancaram até a morte o ambulante Luiz Carlos Ruas, 54, disse que eles
não vão se apresentar à polícia. "Eles não vão se entregar não, por
enquanto", disse à reportagem nesta terça (27).
Ainda segundo o
defensor, ele vai tentar revogar a prisão temporária decretada pela
Justiça de São Paulo antes de decidir a situação dos dois.
Pinho
disse que não se trata de um caso de homofobia. Disse que seus clientes
alegam que partiram para briga naquela noite porque Alípio Rogério Belo
dos Santos, 26, teve o celular roubado por um grupo de pessoas do lado
de fora da estação Pedro 2°, da linha 3-vermelha do Metrô paulista,
entre elas uma travesti, onde as câmeras do Metrô não conseguem captar.
Ainda
segundo a defesa, os dois agrediram Ruas porque o vendedor também teria
se envolvido na briga. "O senhor Luiz Ruas foi tentar ajudar os
travestis, que ele conhecia lá, e deu uma garrafada na cabeça do Alípio.
Aí, ficou nervoso porque tomou a garrafada e foi para cima dele. Ele
disse que nem entendeu porque aquele senhor se envolveu na confusão. Deu
uma garrafa nele", disse o advogado.
Pinho afirmou ainda que
fotografias das lesões sofridas por Alípio dos Santos estão sendo
anexadas no pedido de revogação da prisão. "Se você perceber nas
imagens, ele [Alípio] está sangrando bastante. Está bastante lesionado.
Na boca, no joelho, nos braços, na barriga. Uma pessoa que só bate não
teria essas lesões todas", afirmou.
A família de Ruas será
assessorada pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, importante
criminalista de São Paulo. Botelho trabalhará para a família sem
cobrança de honorário e deve participar como assistente de acusação
quando o caso for a júri popular.
"Estou muito revoltado com essa
história. Dentro dos limites da lei, os crimes de intolerância precisam
ser severamente punidos", afirmou o advogado.
MANIFESTAÇÃO
Cerca
de cem pessoas, entre elas de defesa da causa LGBT, compareceram no
início da tarde desta terça (27) para um protesto na estação Pedro 2º.
Convocada pelas redes sociais pelo jovem Bruno Diego Alves, 25, a
manifestação pediu mais segurança aos usuários do sistema metroviário de
São Paulo e o fim da homofobia.
"Espero que fique de exemplo,
para que a morte do Luiz Carlos Ruas não se repita. Pagamos imposto
caro, tarifa alta, e não temos segurança ao usar o metrô. Dinheiro tem, o
que falta é vontade", criticou.
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