A turma que reclamava que os aeroportos tinham perdido o “glamour” tem todos os motivos para estar feliz.
Além da crise já ter espantado 6 milhões de passageiros – claro que
os mais pobres – dos aeroportos, as empresas aéreas agora apostam é no
público VIP, aquela “gente diferenciada”.
Leia só o que publica O Globo:
Comer em louça importada, beber vinho
e whisky à vontade ou tirar um cochilo em cama queen size antes de
viajar. Os mimos são alguns dos serviços que estão sendo oferecidos em
salas VIPs recém-inauguradas nos aeroportos do Galeão, no Rio, e de
Guarulhos, em São Paulo. Oito salas abriram as portas nos últimos seis
meses — três delas em dezembro, no terminal carioca. Uma aposta das
companhias aéreas no público classe A, num momento em que a demanda por
voos domésticos cai há 16 meses seguidos e as empresas acumulam
prejuízos bilionários.No início do mês, a Gol inaugurou uma de suas
salas na área de embarque internacional do terminal 2 do Galeão — outra
será aberta em 2017, no embarque doméstico, e mais duas iniciaram
operação em Guarulhos este ano. O ponto forte dos lounges é a
alimentação. Além das massas, há variedade de petiscos, que vão de
minipizzas e barquetas recheadas a bruschetas.
E vá tirando o seu cartão de embarque da chuva se você pensa que
qualquer passageiro pode entrar. É só passageiro com aqueles cartões de
milhagem “top de linha” e para os que têm passagem de primeira classe.
Bem, pagando, todo mundo pode, mas o preço é nas nuvens: US$ 50
(Gol) a US$ 70 (Star Alliance). Ou de R$ 165 a R$ 231. Ou quase o preço
de quem compra passagem na promoção, com bastante antecedência.
E o diagnóstico está na boa matéria das repórteres Danielle Nogueira e Regina Scrivano:
Para Jorge Leal, professor de
Transporte Aéreo da Escola Politécnica da USP, o investimento nas salas
VIP faz parte da estratégia das companhias aéreas de focar na classe
executiva e na parcela da população “mais abastada”, num momento em que a
redução da oferta de voos pelas aéreas tende a elevar os preços das
passagens. Isso deve afastar ainda mais os passageiros que já estão
deixando de viajar de avião devido à crise econômica, numa espécie de
re-elitização do transporte aéreo que, nos últimos anos, havia ganho
novos passageiros, com a queda do preço médio do bilhete e o aumento da
renda.
— Quem viaja a negócios e quem pertence às classes mais abastadas são menos afetado pela crise e pela alta das passagens.
O Miller Fernandes, cruel frasista, bem que dizia, povo também é VIP: Very Insignificant Poor.
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