O governo lançou uma campanha publicitária para tentar convencer a
população de que não é tão ruim quanto ela pensa. É uma missão árdua, e a
propaganda já começa pisando na bola. Contabiliza apenas 120 dias de
gestão, quando Michel Temer assumiu há exatos 232.
O anúncio usa a expressão "posse efetiva" para justificar a contagem
marota. Faltou combinar com o chefe. Em discurso recente, o próprio
Temer disse que ignorou a condição de interino e governou desde maio
"como se efetivo fosse".
Na primeira linha da propaganda, lê-se a palavra "coragem", em letras
garrafais. Parece um exagero do redator, já que o presidente tem evitado
comparecer a palanques, estádios e até velórios por medo de ser vaiado.
Seu último pronunciamento na TV foi transmitido na noite de Natal,
quando as panelas estavam ocupadas com peru e farofa.
Mais adiante, o anúncio enumera 40 medidas "que já se tornaram
realidade". A lista mistura fatos positivos, como o apoio da Aeronáutica
ao transplante de órgãos, a decisões altamente questionáveis, como a
reforma do ensino médio por medida provisória. O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, já afirmou que a MP viola a Constituição e precisa ser anulada.
Na área econômica, o Planalto também se gaba de medidas polêmicas. Diz
que a reforma da Previdência vai garantir a aposentadoria "das gerações
atuais e futuras", mas não explica como isso ocorrerá em Estados onde a
expectativa de vida dos homens mal passa dos 65 anos.
Apesar de ocupar uma página inteira de jornal, a propaganda não cita uma
única vez a palavra "corrupção", que dominou o noticiário de 2016. Em
outro exagero de marketing, afirma-se que o governo assegurou a
"moralização das nomeações nas estatais". Há poucas semanas, Temer
loteou seis vice-presidências da Caixa entre partidos aliados. As
nomeações atenderam a PSDB, PP, PR, PSB, DEM e PRB.
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