Da Folha de Paulo – Andréia Sadi e Bruno Boghosian
Em
meio à articulação de deputados federais para desengavetar um projeto
que permita a reeleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da
Câmara, líderes das maiores bancadas do Senado --PMDB, PT e PSDB-- já
rejeitam a proposta. Líder do bloco da maioria (PMDB-PSD), Eunício
Oliveira (PMDB-CE) classificou a ideia de "excrescência". "Não é
saudável, vira feudo." Se aprovada, a PEC beneficiaria também Renan. Hoje,
as duas Casas são comandadas pelo PMDB: Renan Calheiros (AL) no Senado e
Cunha na Câmara. O mandato de quem se elege presidente da Câmara ou do
Senado é de dois anos. A Constituição veda a recondução na mesma
legislatura.
Desde
o mês passado, aliados de Cunha avaliam tirar de uma gaveta de mais de
dez anos a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 101/2003, usada em
2004 pelo então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), para
tentar se reeleger. Eunício é candidato à sucessão de Renan, mas diz ser
contra a reeleição "por convicção". "Independentemente de querer ser
presidente."
Líder
do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB) ironizou a proposta. "É absolutamente
contraditório o Congresso propor a reeleição para suas Casas quando
acaba de aprovar o fim da reeleição para o Poder Executivo", afirmou. Na
semana passada, a Câmara aprovou em primeiro turno, por 452 votos a 19,
o fim da reeleição para presidente, governador e prefeito.
O
líder do PT, Humberto Costa (PE), disse que o partido também será
contrário à proposta. "Na prática, um presidente da Câmara ou do Senado
já pode se reeleger em legislaturas diferentes. Se o mecanismo for
flexibilizado, um mesmo nome acaba se perpetuando no comando." Procurado
pela Folha, Cunha afirmou que não é candidato à reeleição. "Se alguém está movimentando isso, é a minha revelia."
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