Valdo Cruz - Folha de S.Paulo (Do artigo O Raivoso e a Incompreendida)
É,
Dilma, por vias tortas, tinha razão. Vejamos. Não é de hoje que ouvimos
que a mãe de todas as reformas é a da política. E não é de hoje que
ficamos decepcionados sempre que o Congresso ensaia votar uma nova
proposta.
Não
foi diferente desta vez. Ainda em sua fase inicial, a reforma política
em votação na Câmara não passa de um mero atendimento de interesses
corporativos dos parlamentares de plantão. Jamais dos do país.
Quando
propôs um plebiscito para aprovar uma Constituinte exclusiva a fim de
reformular as regras da nossa política, Dilma apanhou feio tanto de
aliados como da oposição.
Afinal,
viram na ideia, com razão, uma tentativa da petista de transferir para o
Congresso o desgaste em sua imagem provocado pelas manifestações de rua
de junho de 2013.
Infelizmente,
como o tema não desperta grande emoção nos protestos de rua, a proposta
foi engavetada pelos senhores congressistas, que seriam as vítimas da
ideia.
Diante
da nova decepção em curso, fica provado que nunca teremos uma reforma
política digna do nome enquanto seus autores forem apenas os atuais
parlamentares. As ruas que despertem para tal fato.
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