Da Folha de S.Paulo – Julio Wiziack
Empresas oferecem pagamento integral de indenização a Petrobras e União desde que se livrem de culpa
Empreiteiras
investigadas na Operação Lava Jato tentam convencer o governo a
perdoá-las da culpa pelos danos causados à Petrobras em troca do
pagamento integral das indenizações.
Hoje,
os acordos de ressarcimento à estatal e à União correm na CGU
(Controladoria-Geral da União), mas há grandes chances de não
prosperarem porque as construtoras ainda têm o risco de serem condenadas
pela Justiça e ficarem impedidas de fazer negócios com o governo. Uma proibição assim levaria muitas delas à falência.
A nova proposta, obtida pela Folha,
transfere as negociações da CGU para a AGU (Advocacia-Geral da União) e
garante um bônus: os beneficiários ficariam livres da culpa desde que
pagassem seus débitos, integralmente, e à vista. Se fosse na CGU,
haveria desconto desses valores. Um outro motivo da transferência para a
AGU é que a CGU não tem autoridade para fazer esse tipo de acordo.
Para
evitar que o governo seja acusado de favorecer empreiteiras, o
pagamento seria com ações que dão direito de decisão sobre o rumo das
empresas. Assim, os executivos seriam punidos, dando suas ações para
sair do negócio.
O
objetivo das construtoras é ter um substituto para o chamado acordo de
leniência, processo que troca a colaboração com as investigações por
punições mais brandas. Neste caso, porém, a empresa assume a culpa.
Há,
ainda, um outro entrave: o Ministério Público, que também deflagrou
processos de inidoneidade, tem se colocado contra qualquer discussão
nesse sentido.
Mesmo
tentando preservar a atividade das empreiteiras para evitar demissões e
obras paradas, o governo tem reservas à proposta que exime as
empreiteiras de culpa. Para ministros, o acordo passaria a ideia de que a
presidente Dilma tenta salvar aqueles que fizeram delitos.
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