Faz duas semanas, deixei um país em guerra, afundado nas mais
apocalípticas previsões, e desembarquei agora noutro, na volta, bem
diferente, sem ter saído do Brasil. Durante meses, fomos submetidos a um
massacre midiático sem precedentes, anunciando o caos na Copa do Fim do
Mundo.
Fomos retratados como um povo de vagabundos, incompetentes,
imprestáveis, corruptos, incapazes de organizar um evento deste porte.
Sim, eu sei, não devemos confundir governo com Nação. Eles também sabem,
mas, no afã de desgastar o governo da presidente Dilma Rousseff,
acabaram esculhambando a nossa imagem no mundo todo, confundindo Jesus
com Genésio, jogando sempre no popular quanto pior, melhor.
Estádios e aeroportos não ficariam prontos ou desabariam, o acesso aos
jogos seria inviável, ninguém se sentiria seguro nas cidades-sede
ocupadas por vândalos e marginais. Apenas três dias após o início da
Copa, o New York Times, aquele jornalão americano que não pode ser
chamado de petista chapa-branca, tirou um sarro da nossa mídia ao
reproduzir as previsões negativas que ela fazia nas manchetes até a
véspera. Certamente, muitos torcedores-turistas que para cá viriam
ficaram com medo e desistiram. Quem vai pagar por este prejuízo
provocado pelo terrorismo midiático?
Agora, que tudo é festa, e o mundo celebra a mais bela Copa do Mundo das
últimos décadas, com tudo funcionando e nenhuma desgraça até o momento
em que escrevo, só querem faturar com o sucesso alheio e nos ameaçam com
o tal do "legado". Depois de jogar contra o tempo todo, querem dizer
que, após a última partida, nada restará de bom para os brasileiros
aproveitarem o investimento feito. Como assim? Vai ser tudo implodido?
A canalhice não tem limites, como se fossemos todos idiotas sem memória e
já tenhamos esquecido tudo o que eles falaram e escreveram desde que o
Brasil foi escolhido, em 2007, para sediar o Mundial da Fifa. Pois
aconteceu tudo ao contrário do que previam e ninguém veio a público até
agora para pedir desculpas.
Como vivem em outro mundo, distantes da vida real do dia a dia do
brasileiro, jornalistas donos da verdade e do saber não contaram com a
incrível capacidade deste povo de superar dificuldades, dar a volta por
cima, na raça e no improviso, para cumprir a palavra empenhada.
Para alcançar seus mal disfarçados objetivos políticos e eleitorais,
após três derrotas seguidas, os antigos "formadores de opinião"
abrigados no Instituto Millenium resolveram partir para o vale tudo, e
quebraram a cara.
Qualquer que seja o resultado final dentro do campo, esta gente sombria e
triste já perdeu, e a força do povo brasileiro ganhou mais uma vez.
Este é maior legado da Copa, a grande confraternização mundial que tomou
conta das ruas, resgatando a nossa autoestima, a alegria e a
cordialidade, em lugar das "manifestações pacíficas" esperadas pelos
black blocs da mídia para alimentar o baixo astral e melar a festa. Pois
tem muito gringo por aí que já não quer mais nem voltar para seu país.
Poderiam trocar com os nativos que não gostam daqui.
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