A Copa do Mundo de Futebol no Brasil deveria ter sido vista como uma
oportunidade rara para as empresas de mídia fazerem bons negócios.
Poderiam aproveitar a visibilidade e o interesse no Brasil pelo evento
esportivo de maior popularidade do planeta para vender ao mundo
reportagens, documentários sobre cada região no entorno das cidades-sede
e ampliar os canais de exportação para produtos jornalísticos e obras
audiovisuais.
Mas
estas empresas, quase todas "filhotes da ditadura", perderam esta
oportunidade histórica por visão pequena, provinciana, e pelo vício de
tratar seu próprio negócio como se fosse um partido político, daqueles
obrigados a contestar qualquer ação de um governo o qual querem derrubar
nas urnas ou sabe-se lá como.
Até o início do Mundial, as tevês, jornalões, revistas e portais
alinhados ao pensamento demotucano detonavam a Copa no Brasil. Óbvio que
essa corrente de pensamento do contra influiu na imprensa estrangeira.
Mesmo empresas de comunicação que tenham correspondentes no Brasil
acabam contaminadas pelo que ouvem e veem nas telas de TV, nas capas de
revistas e nas páginas dos jornais de maior circulação.
Com a chegada da Copa, cerca de 19 mil profissionais de mídia de
diversos países do mundo desembarcaram no Brasil. Por si só, esse número
já mostra o fracasso da imprensa tradicional brasileira. Quase ninguém
quis comprar suas reportagens e matérias por falta de confiança na
narrativa. Todos quiseram ver com seus próprios olhos, fazendo suas
próprias reportagens, tanto esportivas como sobre outros acontecimentos.
E o aconteceu é que essa multidão de jornalistas estrangeiros passou a
produzir matérias de todos os tipos com uma visão positiva, sem deixarem
de ser realistas, sobre o Brasil – e suas narrativas foram muito
diferentes do que havia sido propagado até antes da Copa.
As minorais barulhentas, que protestavam com quebra-quebras localizados e
ganhavam grande destaque na pauta do principal telejornal brasileiro,
passaram a ser retratadas com sua verdadeira dimensão no exterior: sem
serem desprezadas, mereceram notas na imprensa internacional
proporcionais à sua relevância.
E a maioria do povo brasileiro, até então silencioso, explodiu em festa com a chegada da Copa.
Pois bem. Na quinta-feira (27), o Jornal Nacional da TV Globo fez uma longa matéria mea culpa, mas disfarçada, com o título "Clima festivo e sucesso da Copa conquistam manchetes internacionais".
O apresentador William Bonner abriu dizendo "Durante meses, os atrasos e
os problemas de organização da Copa do Mundo foram assunto de muitas
reportagens no Brasil e no exterior. Existia no ar uma preocupação
generalizada com as consequências dos atrasos, das obras não concluídas.
E os jornais estrangeiros eram especialmente ácidos nas críticas. Mas o
fato é que, aos poucos, desde o início desse Mundial, isso tem mudado."
Em seguida, citou algumas reportagens de revistas e jornais europeus e
estadunidenses, comparando o conteúdo antes da Copa, que era negativo, e
agora, francamente positivo.
O que o telejornal fez foi jogar no colo da imprensa estrangeira o que a
própria TV Globo, junto com revistas como Veja e Época, e jornais como
Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo propagaram incessantemente e que
acabou repercutindo no exterior.
É a inversão das coisas. É como dizer: "Caros e ingênuos
telespectadores, nada do que nós falamos durante meses sobre um suposto
fracasso da Copa era verdade, como vocês estão percebendo, mas 'existia
no ar uma preocupação generalizada' de que o seria, respaldada na
imprensa estrangeira."
Como se vê, o 'tucanismo' da Globo está levando-a à decadência.
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