quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Em vez de cortar custos, prefeitos pedem mais grana


 Punhos erguidos, cara de bravos, dispostos à luta, avançando
celeremente sobre o Salão Verde, o grupo de 300 prefeitos e
vice-prefeitos que invadiu a Câmara nesta terça-feira só não foi
confundido com uma torcida uniformizada partindo para cima da outra
nas arquibancadas da Arena Joinville porque estavam todos de paletó e gravata, mas a cena era igualmente assustadora.

Mais uma vez, a tal 'Marcha dos Prefeitos' foi a Brasília para pedir
mais dinheiro do governo federal. Todo ano a cena se repete. À frente do grupo, como de costume, estava Paulo Ziulkoski, o eterno presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com o discurso de sempre.

'Essa manifestação é o retrato de uma crise profunda que se abate
sobre as prefeituras de todo o país. Os municípios ficaram totalmente ingovernáveis em função de uma política do governo federal, do Congresso e dos governadores, que é a questão federativa'.

Os prefeitos querem aumentar de 23,5% para 25,5% a parcela de recursos
da União destinada ao Fundo de Participação dos Municípios,
historicamente a principal e muitas vezes única fonte de renda da
maioria deles, que não se preocupam em aumentar a arrecadação própria e muito menos em cortar despesas.
Poderiam aumentar para 50% esta parcela do FPM que, no ano que vem, eles estarão de novo em Brasília, reivindicando mais grana, sob o argumento de que os pobres municípios vivem falidos e não podem pagar o aumento do piso salarial dos professores nem têm dinheiro para o 13º salário do funcionalismo.
Para os desfiles de Carnaval, no entanto, nunca faltam recursos, muitas vezes utilizados até para financiar o time de futebol da cidade.

Alguém já viu em algum lugar, em qualquer época, a iniciativa de um
prefeito de diminuir os custos da administração, demitindo
funcionários fantasmas, cortando verbas para a Câmara Municipal e
despesas com viagens e outras mordomias, cancelando shows e rodeios, que fazem a festa dos donos do poder nos pequenos municípios brasileiros?  (Da coluna de Ricardo Kotscho)

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