Do Jornal do Commercio
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) expediu uma recomendação à
Câmara de Caruaru sugerindo a abertura de um processo de cassação dos
dez vereadores presos durante operação da Polícia Civil, na semana
passada. Eles são suspeitos de cobrarem propina ao prefeito José Queiroz
(PDT), no valor de R$ 2 milhões, para aprovar matérias na Casa. O MPPE
também ingressou com uma ação cautelar de improbidade administrativa
contra o grupo.
Nessa segunda-feira (23), o juiz da Vara Pública do município, José
Fernando Souza, deferiu uma liminar que anula a sessão legislativa que
aprovou um pedido de empréstimo da prefeitura à Caixa Econômica Federal.
Na sessão, os vereadores aprovaram um projeto de lei que permite à
Prefeitura de Caruaru contratar um financiamento, no valor de R$ 250
milhões, para implantar o sistema BRT (Bus Rapid Transit) na cidade. Com
a decisão da Justiça, o empréstimo fica suspenso e deverá ser apreciado
pelos vereadores empossados na última sexta-feira (20).
Segundo a promotora do Patrimônio Público de Caruaru, Bianca Stella
Barroso, cabe à Câmara decidir se abre o processo de cassação ou não
contra os vereadores presos. A notificação foi entregue ao presidente da
Casa, o vereador Leonardo Chaves (PSD).
"A recomendação é no sentido de a Câmara deflagrar o processo de
cassação, seguindo as normas do regimento interno. Cabe ao presidente da
Casa decidir, já que a Casa tem autonomia", justificou a promotora.
Sobre o pedido de anulação deferido pela Justiça, a promotora informou
que a sessão legislativa estaria "viciada" em virtude dos interesses dos
vereadores investigados.
"Existia o vício na vontade e o desvio de função. Eles aprovaram o
empréstimo, mas não temos como dissociar se essa decisão foi tomada de
acordo com a função pública ou guiada pelos interesses pessoais", cravou
a promotora Bianca Stella Barroso. "Há o vício, seja pela retaliação ou
na perspectiva de ganho", acrescentou.
NOVAS OUVIDASOntem, mais três vereadores foram convocados pela polícia para prestar esclarecimentos. Foram ouvidos Edmílson do Salgado (PCdoB), Romildo Oscar (PTN) e Heleno do Inocoop (PRTB). Segundo o procurador da Câmara de Caruaru, todos os 13 vereadores da Casa que não estão presos já foram ouvidos pelo delegado Eric Lessa, responsável pelo inquérito.
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