FERNANDO RODRIGUES *
Políticos
argumentam que a disputa pelo Palácio do Planalto ainda não está na
cabeça das pessoas. No Brasil, o Natal do ano anterior ao da eleição não
é um momento em que a maioria dos eleitores esteja pensando em quem vai
votar lá na frente. Por essa razão, muitos consideram quase inútil
analisar o cenário atual.
Essa
avaliação é correta só em parte. Há um processo em curso. Os
pré-candidatos atuam a cada segundo. Querem estar na melhor posição
possível quando a lei permitir uma campanha aberta.
Além
disso, a democracia brasileira já começa a ter alguns parâmetros para
comparação. Desde o fim da ditadura militar (1964-1985), dois
presidentes disputaram a reeleição. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em
1998, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006. Não é muita coisa, mas
ajuda a entender como o eleitor tem se comportado nessas horas.
A
petista Dilma Rousseff deve ser a terceira a disputar a reeleição. FHC e
Lula tiveram sucesso nas suas empreitadas, mas, quando estavam
engatando nas campanhas, as coisas não pareciam tão boas para eles.
No
Natal de 1997, FHC estava com 37% de 'bom' e 'ótimo' no Datafolha. Lula,
ainda sofrendo os efeitos do mensalão, registrava meros 28% de
aprovação. Ou seja, ambos estavam pior do que Dilma Rousseff hoje, cuja
pontuação é de 41%.
Tanto
FHC como Lula se reelegeram até com alguma facilidade. Pesou a favor do
tucano o controle da inflação (1,65% em 1998) e o medo ainda presente
entre os brasileiros daquela época de que os preços voltassem a subir. O
petista Lula se segurou com o crescimento robusto da economia (4% em
2006) e a inclusão social de milhões de pessoas pobres.
Tudo
considerado, Dilma está bem na largada. Vai se apresentar como a única
habilitada para manter os programas sociais lulistas. É um argumento
forte e poderoso. Será suficiente? Saberemos só em 2014. (*Folha de
S.Paulo)
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