A
ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, cancelou
sua participação no 6º Encontro Nacional de Juízes Estaduais. Ela faria
o discurso de encerramento, neste sábado. Deu meia-volta depois da
divulgação da notícia de que uma empresa que coleciona condenações
judiciais integra o rol de patrocinadores evento.
O encontro reúne cerca de 700 magistrados. Ocorre numa hospedaria de luxo chamada Arraial D'Ajuda Eco Resort.
Fica em Porto Seguro, na Bahia. Coisa fina. As diárias custam R$ 605.
Um show de Ivete Sangalo animará o encerramento. Reportagem veiculada
pelo Globo revelou
que a empresa Veracel Celulose, que borrifou R$ 100 mil no evento,
ostenta várias condenações por crimes ambientais, trabalhistas e
fiscais.
Ouvida,
a Veracel Celulose alegou que o apoio ao encontro de magistrados
insere-se no contexto de uma campanha publicitária para marcar os 25
anos de existência da empresa. Absteve-se de cometar as condenações
judiciais.
A
Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) afirmou que 80% dos custos
do encontro foram bancados com recursos próprios. Sustenta, de resto,
que o apoio financeiro de empresas não interefere na “imparcialidade e
independência” dos magistrados. Esses predicados, “não têm relação
alguma com o apoio financeiro ao evento.”
Carmén
Lúcia preferiu não dar as caras. Seu colega e antecessor no comando do
Supremo Ricardo Lewandowski não teve os mesmos pruridos. Discursou para
os juízes estaduais na véspera. No trecho mais aplaudido de sua fala,
Lewandowski fez uma defesa enfática do próprio reajuste salarial. Está
parado no Senado o projeto que eleva os vencimentos dos ministros do
Supremo de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil mensais. Se aprovado, o reajuste
desaguará em cascata sobre os vencimentos de todo o Judiciário. Daí os
aplausos.
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