Uma
onda conservadora se ergueu sobre o país nas eleições municipais. Suas
águas varreram o petismo, afogado nos próprios escândalos e no naufrágio
da economia sob o governo Dilma. O mapa do Brasil está mais azul, mas
as diferenças de tom devem ficar visíveis assim que a nova pintura
secar.
Em
capitais como São Paulo, Porto Alegre e Salvador, o eleitor escolheu
candidatos com perfil de centro-direita. João Doria e Nelson Marchezan
Jr, do PSDB, e ACM Neto, do DEM, apostaram no discurso pró-mercado.
Prometeram reduzir a máquina pública e assumiram a bandeira das
privatizações, que costumava ser escondida nos palanques.
Os
dois tucanos têm pouco a ver com o passado social-democrata do PSDB,
mas se apresentaram como políticos moderados. Aproveitaram o desgaste da
esquerda sem tirar proveito eleitoral de temas de comportamento, como
drogas e aborto.
Outras
capitais, como Rio, Belo Horizonte e Curitiba, consagraram
representantes da direita populista que emergiu das manifestações de
rua. Marcelo Crivella, Alexandre Kalil e Rafael Greca apostaram na revolta com o sistema político. Os três chegam ao poder a bordo de siglas médias (PRB) ou nanicas (PHS e PMN).
Bispo
da Igreja Universal, Crivella abandonou o estilo moderado e se aliou a
figuras como o deputado Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia. No
segundo turno, radicalizou o uso de temas morais e a pregação
anticomunista para desgastar o adversário, que concorria pelo PSOL.
Os
novos prefeitos de Curitiba e BH apostaram no personalismo e na
fabricação de polêmicas ao estilo Donald Trump. Na campanha, Greca
contou ter vomitado com o cheiro de um pobre e Kalil disse que "rouba,
mas não pede propina". No Brasil de 2016, nada disso foi suficiente para
evitar que os dois se elegessem.
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