247 - Xico Graziano, um dos principais assessores de
Fernando Henrique Cardoso, publicou nesta quarta-feira um artigo em que
defende que o tucano assuma a presidência até 2018, após a cassação da
chapa Dilma-Temer. Se isso acontecesse ainda em 2016, o Brasil teria
eleições diretas, mas o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), deve colocar o tema em pauta apenas no
início de 2017. Entre outros elogios, Graziano afirma que FHC é o "o
ponto de equilíbrio de uma nação esfacelada". O ex-presidente, um dos
articuladores do golpe de 2016, sonha com o "golpe dentro do golpe",
para, aos 85 anos, voltar à presidência após quatro derrotas do PSDB
para o PT.
Confira a íntegra do artigo:Volta, FHC
Gostaria de expor uma posição política. Faço-o com total
desprendimento e isenção. Embora filiado ao PSDB desde sua fundação,
pelo partido não falo. Externo posição política independente.
Não pertenço a nenhum grupo, nem o de Aécio Neves, nem o de José
Serra, nem o de Geraldo Alckmin. Tenho apreço por todos eles, mas a
nenhum devo satisfações.
Tampouco me expresso em nome do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, a quem sirvo com dedicação desde sua campanha ao Senado, em
1986.
Mantenho atualmente com ele as melhores relações de amizade,
respeito e admiração. Auxilio-o defendendo seu legado nas redes sociais.
Sigo sua liderança e me espelho no exemplo do homem que tem sido
capaz de se reinventar a cada instante, tendo se tornado o ponto de
equilíbrio dessa nação esfacelada pela crise econômica, social e
política.
Para entender a política contemporânea, precisamos escapar da
antiga dicotomia entre esquerda e direita. Na sociedade pós-industrial,
velhas ideologias pouco importam.
Escasseiam operários, abundam autônomos e empreendedores no mundo
tecnológico. Causas sociais, organizadas via internet, substituem a
luta de classes.
Notoriamente nossos partidos políticos estão fossilizados, vivem
no século passado, perderam legitimidade. As recentes eleições deixaram
claro: ninguém aguenta mais a velha política. Os que perderam a ela
pertenciam.
Venceram aqueles que sinalizaram distância do fisiologismo. Maus
gestores públicos, candidatos fake e populistas, independente do
partido, foram barrados nas urnas.
Quem dançou feio, mesmo, foi o PT. Depois da roubalheira que
fizeram, era esperado. O PSDB cresceu nacionalmente. Um olhar para as
capitais, todavia, mostra diversidade partidária.
João Doria (PSDB) em São Paulo, Alexandre Kalil (PHS) em Belo
Horizonte, ACM Neto (DEM) em Salvador, Marcelo Crivella (PRB) no Rio,
Geraldo Júlio (PSB) em Recife, Roberto Cláudio (PDT) em Fortaleza: todos
representam a vitória contra a embromação política.
Findo o período eleitoral, olhamos para frente. Quer dizer, para 2018.
Qual liderança poderá recolocar o Brasil nos trilhos do
desenvolvimento? Como fazer a reforma política tão desejada? Quem
conseguirá estabelecer conexão com a sociedade organizada nas redes? É o
que todos querem saber.
Creio que somente o ex-presidente FHC se legitima, pela vasta
experiência, sensatez e sabedoria, para nos conduzir nessa difícil
travessia.
Apesar da maledicência lulopetista, que o atacou ferozmente
durante anos, a história resgata sua dignidade na mesma medida em que
seus detratores se afundam na Lava Jato.
FHC representa a decência na vida pública. Esse é o maior desejo
do brasileiro. Viver num país com civilidade, honestidade, princípios.
Um país que ofereça oportunidades, gere bem-estar, dê segurança. Um país
tolerante, respeitoso, diverso, unido na defesa da cidadania.
Pode ser que a Justiça acelere o processo político e casse a
chapa Dilma-Temer. Nesse caso, o Congresso elegeria um
presidente-tampão.
Seria Fernando Henrique, com certeza. Ele prepararia o caminho
rumo ao porvir. Michel Temer, porém, poderá seguir até 2018. Aí, a
decisão será popular.
Sejamos realistas: ou surge um oportunista de última hora, um
salvador da pátria, um vendedor de ilusões, ou corremos o risco de ficar
na pasmaceira da política tradicional.
Fernando Henrique é o amálgama do dilema brasileiro. Está velho
demais, pode-se argumentar. Bobagem. É o mais espairecido dos velhos
políticos. Malgrado sua idade, não perde sua inventividade. É o cara.
Volta, FHC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário