247 - "Depois de uma eleição, é comum e até mesmo
saudável que se produzam explicações, quase sempre lógicas,
aparentemente definitivas.As projeções lógicas de 2012 tinham nexo, mas
não tiveram futuro. As de 2016 também parecem razoáveis. Falta lembrar
que vem por aí a colaboração da Odebrecht, com mais de 50 narrativas e o
rastro da supercaixa do tucanato. Isso e mais a da OAS. Provavelmente,
também a de Eduardo Cunha. O poderoso PSDB é o convidado de honra em
todas elas. Além disso, é condômino do governo de Michel Temer, que
disputa a marca de impopularidade de Dilma Rousseff. No fundo, todas as
previsões são exercícios de sabedoria, mas não se deve menosprezar a
eterna ignorância dos viventes em relação ao futuro", escreve o colunista Elio Gaspari
na Folha de S.Paulo, alentando sobre o quão precipitada pode ser a
avaliação de um resultado positivo para o PSDB nas próximas eleições.
"Voltando-se o relógio para 2012 pode-se visitar a sabedoria da ocasião.
Entre o primeiro e o segundo turno da eleição municipal, o Supremo
Tribunal Federal julgou o processo do mensalão, José Dirceu foi
condenado e semanas depois foi para a cadeia de braços erguidos e punho
fechado.
O PT saiu da eleição como o partido mais votado do país, e Fernando
Haddad elegeu-se prefeito de São Paulo. Seria uma boa aposta para uma
futura eleição presidencial. Se não fosse ele, poderia ser o petista
Luiz Marinho, ex-ministro da Previdência e do Trabalho, reeleito para a
prefeitura de São Bernardo do Campo. Na ponta do PMDB, Eduardo Paes
reelegeu-se prefeito do Rio de Janeiro, com perto de dois terços dos
votos. Vinham por aí a Copa do Mundo e, acima de tudo, a Olimpíada.
Seria uma boa aposta para o governo do Estado em 2018, ou, quem sabe,
para a Presidência da República. Por via das dúvidas, ele lançava um
candidato a vice de Dilma Rousseff, na vaga de Michel Temer. Era o
governador Sérgio Cabral, nos dedos de cuja senhora brilhavam os
diamantes da Van Cleef presenteados por Fernando Cavendish, o
bem-aventurado empreiteiro da Delta.
Esse era o mundo de 2012, e todas as projeções pareciam lógicas. Lava
Jato era o nome que se dava aos lugares onde se lavavam carros, Sergio
Moro era um juiz que ficara a pé na investigação das roubalheiras do
Banestado, a Operação Castelo de Areia, onde a Camargo Corrêa fora
apanhada pela Polícia Federal, virara pizza no Superior Tribunal de
Justiça e Teori Zavascki era juiz que acabara de ser indicado para o
Supremo. Sabia-se dele que falava pouco."
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