Enquanto
a torcida se distrai com as eleições municipais, os deputados articulam
uma nova jogada na Câmara. O plano é driblar o Ministério Público e
aprovar uma anistia geral ao caixa dois. Se der certo, será um gol de placa do sistema político ameaçado pela Lava Jato.
A
ideia é ousada: usar um pacote moralizador para legalizar o
financiamento ilegal de campanhas. Os parlamentares prometem aprovar a
criminalização do caixa dois, uma das chamadas dez medidas contra a
corrupção. Parece boa notícia, mas há um detalhe. Ao proibir o trambique
no futuro, a Câmara quer perdoar quem o praticou no passado.
O
lance já foi ensaiado em setembro. A bola não entrou graças a deputados
da Rede e do PSOL, que se insurgiram contra o acordo fechado pelos
grandes partidos. Agora a anistia ameaça voltar a galope. O motivo da
pressa é a delação da Odebrecht, que deve entregar mais de 200 políticos
de todas as siglas.
O
novo acordão para "estancar a sangria" tem o aval do governo Temer e do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Na quarta (26), ele repetiu uma
tese dos réus do mensalão: caixa dois e corrupção seriam "coisas
distintas", sem ligação entre si.
Em
entrevista a Mario Sergio Conti, na Globo News, o deputado indicou que
apoia o perdão ao financiamento irregular das eleições passadas. "Nós
temos que dar um corte e dizer que daqui para a frente está
criminalizado", disse, apesar de a lei já prever punições ao caixa dois.
Questionado
se estava defendendo uma anistia a criminosos, Maia abriu o jogo:
"Alguma solução vai ter que ser dada. Eu acho que anistia é uma palavra
forte". De falta de transparência, não poderemos acusá-lo.
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