sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Delação contra Serra chega às manchetes


serra Delação contra Serra chega às manchetes
O chanceler José Serra

Rompeu-se o muro de proteção de vazamentos de delações envolvendo políticos tucanos que ficou conhecido como "não vem ao caso".
"Odebrecht afirma ter pago caixa dois a Serra na Suíça", informa a manchete da Folha nesta sexta-feira, algo inimaginável no período pré-impeachment.
Explica-se agora todo o nervosismo que tomou conta dos políticos e deixou Brasília em transe nos últimos dias.
O conflito envolvendo membros dos três poderes foi consequência desse clima tenso pré-delações, não a causa.
Às vésperas do segundo turno das eleições municipais, começaram a vazar para todo lado, ainda em pequenas notas, as temidas delações da Odebrecht, agora podendo atingir políticos e partidos de todas as latitudes. A situação fugiu ao controle; a Lava Jato ganhou vida própria.
A assinatura dos acordos de delação premiada de Marcelo Odebrecht e 80 executivos da empreiteira está previsto para o próximo dia 8 de novembro, mas o estrago já começou.
Com nomes, codinomes, datas e números, a reportagem de Bela Megale na Folha conta como, segundo as delações de dois dos executivos, a campanha de 2010 de José Serra, hoje chanceler do governo Michel Temer, recebeu R$ 23 milhões (R$ 34 milhões em valores atualizados) em caixa dois pagos pela empreiteira em contas no Brasil e na Suíça.
"Foram implicados os ex-deputados Ronaldo Cezar Coelho (PSD-RJ), fundador do PSDB e amigo do ministro, e Márcio Fortes (PSDB-RJ), nome importante na arrecadação de recursos para tucanos como FHC e Aécio Neves", relata o jornal em sua primeira página.
A assessoria de José Serra negou as irregularidades e disse que o ministro "não vai se pronunciar sobre os supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em suas campanhas".
Os dois delatores são Pedro Novis, presidente do grupo Odebrecht de 2002 a 2009 e  atualmente membro do conselho  administrativo, e o diretor Carlos Armando Paschoal, que atuava junto a políticos de São Paulo na negociação das doações.
Os operadores do PSDB, segundo as delações, eram os ex-deputados federais Ronaldo Cezar Coelho, um dos fundadores do partido, integrante da coordenação política de Serra em 2010, que cuidava das contas no exterior, e Márcio Fortes, que também atuou como arrecadador nas campanhas de Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990, e na de Aécio Neves, em 2014, responsável pelas doações em caixa dois no Brasil.
"Pedro Novis e José Serra são amigos de longa data. O tucano é chamado de "vizinho" em documentos internos da empreiteira por já ter sido vizinho do executivo. O ministro também era identificado como "careca" em algumas ocasiões", diz a matéria de Bela Megale. "Para corroborar os fatos relatados, a Odebrecht promete entregar aos investigadores comprovantes de depósitos feitos na conta no exterior e também no Brasil".
Pode ser só o começo de um tsunami de denúncias cujas proporções ninguém é capaz de prever no momento, mas não é difícil imaginar onde pode parar. Quem vai escapar?
(Do balaio do Kotscho)

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