José Dirceu, há dez anos, vivia o auge de sua carreira política.
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, em 2002,
ele se tornaria ministro-chefe da Casa Civil e exerceria o posto até ser
acusado, em 2005, de chefiar um esquema de compra de apoio político no
Congresso, o mensalão. A acusação acabaria chancelada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) em 2012.
Dirceu saiu do governo e está longe de cargos públicos, mas ele
continuou a ser um alvo prioritário da oposição e uma figura altamente
polarizadora da política nacional, capaz de gerar ódio entre críticos e
fascínio entre simpatizantes.
Alguns aliados e adversários acreditam que ele jamais perdeu a
ascendência no PT e até no Governo Federal e, mesmo preso, continuará
ativo politicamente. “Com certeza ele manterá seu espaço no PT e na
política nacional”, afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que
completou: “Eventuais erros que possamos ter cometido e as dificuldades
por que passamos não inviabilizam a possibilidade de corrigirmos os
rumos e darmos a volta por cima”.
Um assessor de Dirceu afirmou que sua futura participação política
dependerá das condições de sua pena. Até a sua prisão, o ex-ministro
mantinha um blog, em que comentava temas políticos. O assessor afirma
que, caso a sentença não o prive de escrever, ele continuará a atualizar
o blog.
No entanto, outros colegas de partido avaliam que Dirceu está
marginalizado politicamente e que, com a prisão, seu poder vai encolher
ainda mais. Um deputado federal do PT diz que o ex-ministro continuará
participando dos debates internos do partido, mas que antes da prisão
ele já não tinha mais qualquer influência direta na legenda.
De acordo com o parlamentar, Dirceu exerceu posição de destaque no PT
somente até deixar o governo, em 2005. Ele lembra que, ainda naquele
ano, a corrente majoritária do partido o excluiu da Comissão Executiva
Nacional e que, na última eleição interna da sigla, na semana passada,
ele não ingressou nem sequer no diretório nacional.
“Hoje, a importância do Dirceu (no PT) é meramente simbólica”, diz o
professor de História Contemporânea da USP Lincoln Secco, autor do livro
História do PT.
Sem posição no aparelho do Estado ou do partido, o professor diz que
Dirceu não exerce mais influência sobre as bases do PT. Além disso,
segundo Secco, a postura da cúpula partidária condiz com as diretrizes
que passaram a ser seguidas pela sigla nos anos Lula.
O papel que o ex-ministro exerce hoje no PT contrasta com sua
participação no partido entre 1995 e 2002, quando presidiu a sigla. O
professor afirma que naquele período, com mão de ferro, Dirceu conseguiu
unificar a sigla e transformá-la numa “moderna máquina eleitoral
social-democrata”.
“Sem ele, o PT não teria tido a mesma chance de ganhar em 2002″, diz.
“O Lula nunca teve capacidade de resolver problemas internos do partido
e sempre precisou que alguém que fizesse isso. O Dirceu foi essa
pessoa; o legado dele é o que o PT é hoje”, completou. As informações
são da BBC Brasil.
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