247 – Num texto que mais parece uma piada, o
diretor da Veja, Eurípides Alcântara, escreve que a revista "nunca parou
de buscar a verdade", desde o seu primeiro número. O editorial é uma
celebração aos 45 anos da revista, que terá uma edição especial com 45
reportagens que "fizeram – e fazem – história", além de "investigações
de fôlego e uma coletânea de artigos".
A melhor palavra que descreve a Carta ao Leitor deste número seria
cinismo. Além da tal "busca a verdade" durante mais de quatro décadas,
Alcântara diz que a publicação também nunca deixou de "pôr a mão onde
muitos tiveram medo de fazê-lo, de denunciar o que deveria ser
denunciado, mas também de elogiar o que merece ser elogiado".
Ele continua: "Veja descobre os escândalos de corrupção, cobra
consequências e continua correndo atrás de outras revelações". Como
exemplos, cita o chamado 'mensalão' e a suposta compra de votos que
garantiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo
Congresso. Acontece que a própria Veja, tucana, já rebateu essa tese, comprovada no mais novo livro do jornalista Palmério Dória, O Príncipe da Privataria.
Tudo isso está no editorial de Veja que foi às bancas neste fim de
semana. Menos, é claro, uma citação à cínica cobertura do chamado
'propinoduto' tucano, que envolveu ao menos três governos do PSDB em São
Paulo, mas que a revista não citou o nome de nenhum, apenas disse que
"há indícios" do esquema de cartel e ainda conseguiu incluir um petista
na história (relembre aqui).
Também não há nada a respeito dos grampos clandestinos que o diretor
da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, conseguia com o contraventor
Carlos Cachoeira. Outro caso que causou repercussão - mas que também não
é citado pela revista - foi a invasão do repórter Gustavo Ribeiro na suíte do ex-ministro José Dirceu, no Hotel Naoum, em Brasília, em 2011.
Agora é aguardar a "edição histórica" dos 45 anos de Veja para saber o que mais virá.
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