A presidente Dilma Rousseff (PT) criticou duramente, nesta terça-feira (27), a retirada sem-salvo conduto do senador boliviano Roger Pinto da embaixada do Brasil em La Paz e rejeitou declaração do diplomata brasileiro que assumiu a responsabilidade pelo episódio alegando que se sentia no Doi-Codi, órgão de repressão do regime militar brasileiro.
"Eu estive no Doi-Codi, eu sei o que é o Doi-Codi, e asseguro a vocês, é tão distante o Doi-Codi da embaixada brasileira lá em La Paz como é distante o céu do inferno. Literalmente isso", disse a presidente a jornalistas no Congresso Nacional, após participar de cerimônia em que recebeu o relatório da CPI sobre a violência contra a mulher.
Dilma foi militante de esquerda durante o regime militar (1964-1985) e foi presa e torturada pela repressão aos opositores do regime. O Doi-Codi era o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna, órgão de repressão do regime militar.
A presidente criticou a decisão assumida pelo encarregado de negócios da embaixada do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia, de retirar Pinto da embaixada brasileira sem salvo-conduto, e disse que a situação colocou a vida do senador boliviano em risco.
O Brasil concedeu asilo político a Pinto, um crítico do presidente boliviano, Evo Morales, em meados de 2012, mas as autoridades bolivianas não deram ao senador um salvo-conduto necessário para que ele saísse do país. O senador deixou a Bolívia na sexta-feira a bordo de um carro da embaixada brasileira, que percorreu 1.500 quilômetros até cruzar a fronteira, sem o conhecimento das autoridades bolivianas.
"Não tem nenhum
fundamento acreditar que é possível que um governo, em qualquer país do
mundo, aceite submeter a pessoa que esta sob asilo a risco de vida. Se
nada aconteceu, não é a questão, poderia ter acontecido. Um governo não
negocia vida, um governo age para proteger a vida", disse a presidente.
O episódio
provocou uma crise diplomática com o governo boliviano, que condenou a
fuga do senador, e resultou na queda do ministro das Relações Exteriores
brasileiro, Antonio Patriota. "Nós negociamos em vários momentos o
salvo-conduto e não conseguimos. Lamento profundamente que um asilado
brasileiro tenha sido submetido à insegurança que esse foi. Lamento,
porque um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é
proteger a vida, sem qualquer outra consideração", acrescentou a
presidente.Com informações da Exame.
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