Carlos Brickmann
Sozinho, ele é apenas Eduardo Cunha
A origem das tragédias, ensinavam os sábios de Atenas, era a Húbris: o orgulho desmedido, a soberba que ultrapassava os limites. Isso provocava a vingança dos deuses: a Nêmesis, o divino ciúme. E, muitas vezes, os deuses lançavam sobre a pessoa que ignorava os limites a Ate, que a deixava cega para a razão e a levava a agir emocionalmente, sem medir consequências, até destruir-se sozinha.
Eduardo Cunha tomou a presidência da
Câmara contra o Governo, impôs-se como principal líder da oposição,
desgastou imensamente a presidente Dilma. E acabou achando que podia
tudo. Não era verdade: não podia intimidar a máquina do Ministério
Público e do Judiciário. E não podia romper oficialmente com o Governo:
seus colegas de PMDB (e também os do baixo clero, o segundo time da
Câmara) gostaram de brincar de oposição, mas abandonar os cargos
públicos é excessivo para eles.
A Nêmesis foi
o isolamento político, que ele ainda pode romper. Mas esquecer que está
sendo investigado e agir como se nada lhe pesasse nos ombros pode
cegá-lo para a razão. Cunha é forte tendo o PMDB, o baixo clero, Renan
Calheiros e Michel Temer.
Sozinho, ele é apenas Eduardo Cunha
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