247 - No documento apresentado pelo Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) à Justiça, que resultou
na decretação da prisão de 68 pessoas, aparece um longo trecho da
delação premiada de Luiz Antônio Souza, preso em fase anterior da
Operação Publicano e que se tornou colaborador da Justiça. Segundo
Souza, podem ter sido usados até R$ 4,3 milhões ilícitos na campanha à
reeleição do governador Beto Richa (PSDB).
Segundo a delação de Luiz Souza, que foi inspetor regional de
fiscalização da Receita Estadual, o esquema teria envolvido pelo menos
sete delegacias do Fisco. Souza afirma que ouviu de Márcio Albuquerque
de Lima, à época inspetor-geral da Receita, que Luiz Abi Antoun, primo
do governador Beto Richa (PSDB) e apontado como "eminência parda do
governo", teria em 2014 a expectativa de conseguir R$ 1 milhão para a
campanha na Delegacia de Londrina. Nessa versão, a delegacia da Receita
de Curitiba teria sido incumbida de arrecadar R$ 2 milhões.
"Com relação às demais delegacias (sendo certo que isso inclui as
Delegacias Regionais de Maringá, Umuarama, Cascavel, Foz do Iguaçu e
Ponta Grossa), o compromisso era de que a própria IGF (Inspetoria Geral
de Fiscalização) repassaria diretamente para Luiz Abi R$ 300.000
mensais, por cinco meses, que seriam recolhidos pela IGF dessas
delegacias", diz documento do Gaeco, citando a delação de Souza.
De acordo com o delator, os R$ 4,3 milhões seriam formados por R$ 2
milhões de Curitiba, R$ 800 mil de Londrina e R$ 1,5 milhão das demais
delegacias. Na versão de Souza, Márcio Albuquer de Lima entregava
pessoalmente o dinheiro para Luiz Abi, em Londrina ou em Curitiba. Ele
disse ainda que Abi sabia que a origem do dinheiro era ilícita.
O PSDB nega que tenha usado dinheiro ilício na campanha. De acordo
com o partido, a campanha registrou todas as receitas e teve suas contas
aprovadas pela Justiça Eleitoral. O PSDB também afirma que a
arrecadação era integralmente feita pelo comitê financeiro da campanha,
do qual Luiz Abi jamais participou. No total, a campanha de Richa à
reeleição registrou receitas de R$ 26 milhões.
Leia mais em reportagem do Gazeta do Povo.
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