O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto,
divulgou nota neste final de semana contestando matéria do repórter
Thiago Bronzatto publicada na revista “Época” segundo a qual o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo investigado pelo
Ministério Público Federal por ter intermediado junto ao BNDES contratos
de grandes empreiteiras para a realização de obras em países da África e
da América Latina. Lula, segundo a reportagem, teria atuado como uma
espécie de “lobista”. O BNDES também desmentiu a reportagem.
Veja, abaixo, a íntegra da resposta de Okamoto enviada na última sexta-feira ao jornalista Thiago Bronzatto.
Caro Thiago Bronzatto,
1) É um pena que você entrou em contato comigo na quinta-feira,
30 de abril, 11h23, por telefone, com apenas três horas para a resposta
antes do fechamento da matéria. Eu teria o maior prazer em encontrar com
você e responder pessoalmente as suas perguntas e explicar melhor o
trabalho do Instituto Lula, o que certamente evitaria qualquer erro de
informação transmitido aos seus leitores.
2) Na esfera internacional, o Instituto Lula tem como principais
objetivos cooperar para o desenvolvimento da África e apoiar a
integração latino-americana. Nos últimos quatro anos, realizamos
diversas atividades nesse sentido, com diferentes parceiros do Brasil e
do exterior.
3) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe com
frequência dezenas de convites para explicar o êxito econômico e social
do seu governo e opinar sobre temas regionais e globais. Esses convites
partem tanto de entidades populares, empresariais, sindicais, movimentos
sociais, universidades e centros de pesquisa, quanto de governos,
organismos multilaterais e órgãos de imprensa. Em todas as agendas do
ex-presidente predomina o empenho em consolidar a imagem e os interesses
da nação brasileira. A diversidade e quantidade de eventos
institucionais realizados estão à disposição em nosso site.
4) No caso de atividades profissionais, palestras promovidas por
empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é remunerado, como
outros ex-presidentes que fazem palestras. O ex-presidente já fez
palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos
setores — tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações — e
de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul,
Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe, as entidades
promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e
hospedagem. O ex-presidente faz apenas palestras, e não presta serviço
de consultoria ou de qualquer outro tipo.
5) Todas as viagens do ex-presidente foram divulgadas para a
imprensa, mesmo sem ele ter nenhuma obrigação de fazê-lo, por não ocupar
nenhum cargo público desde janeiro de 2011. Não houve nenhuma viagem
sigilosa. A viagem que você citou foi divulgada por release para a
imprensa no dia 25 de janeiro de 2013
http://www.institutolula.org/lula-viaja-para-cuba-republica-dominicana-e-estados-unidos.
6) Em suas viagens, o ex-presidente participa como convidado de
grandes eventos públicos e realiza encontros com lideranças de diversos
setores. Inúmeras vezes foi recebido pelos chefes de Estado ou de
Governo. Da mesma forma, chefes de Estado e de Governo em visita ao
Brasil muitas vezes solicitam encontros com o ex-presidente. Foi o caso
por ocasião da visita do presidente de Gana, que lhe solicitou agenda
quando veio ao Brasil lançar seu livro. Essas informações também estão
disponíveis no nosso site:
http://www.institutolula.org/presidente-de-gana-e-lula-conversam-sobre-copa-do-mundo-e-cooperacao-na-producao-de-alimentos
Paulo Okamotto
Presidente do Instituto Lula
São Paulo, 30 de abril de 2015
Presidente do Instituto Lula
São Paulo, 30 de abril de 2015
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também enviou à Revista “Época” a carta abaixo:
I) O BNDES repudia as ilações feitas pela reportagem da Revista
Época (“Lula, o operador”). Os procedimentos adotados pelo Banco nos
financiamentos mencionados pela revista são absolutamente regulares,
pautados pelas melhores práticas bancárias e rigorosamente dentro do que
determina a lei.
II) O ex-presidente Lula não interferiu, nem poderia, em nenhum
processo do BNDES. Foram seguidos todos os critérios impessoais de
análise, com a participação de dezenas de técnicos concursados e órgãos
colegiados, além da exigência de garantias sólidas. Como resultado
destes procedimentos, a inadimplência nos financiamentos para exportação
do BNDES é praticamente inexistente.
III) Diferentemente do que insinua a revista, nos financiamentos a
exportações de bens e serviços brasileiros feitos pelo BNDES não há
nenhuma preferência ou privilégio a qualquer país. O objetivo é sempre
abrir postos de trabalho no Brasil e trazer divisas para nossa balança
comercial. Desde 1998, o BNDES financiou exportações brasileiras para 45
destinos diferentes, sendo que o país que mais recebeu recursos do
Banco foram os EUA.
IV) Nas referidas operações, o BNDES atua de maneira análoga a
outras agências de crédito à exportação, oferecendo condições de
isonomia competitiva para que as companhias brasileiras possam enfrentar
concorrentes no mercado internacional. O BNDES se orgulha de sua
atuação internacional, gerando divisas, empregos e renda no Brasil.
A revista afirma – e isso já era do conhecimento público – que desde
que deixou a Presidência da República em 2010 Lula fez diversas viagens a
Cuba, Gana, Angola e República Dominicana ao lado de dirigentes da
Odebrecht para intermediar contratos.
“O BNDES fechou o financiamento de ao menos US$ 1,6 bilhão com
destino final à Odebrecht após Lula, já como ex-presidente, se encontrar
com os presidentes de Gana e da República Dominicana – sempre bancado
pela empreiteira”, diz a revista.
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