247 – Até ontem considerado foragido, o policial
federal afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, o 'Careca', prestou
depoimento à Justiça Federal no Paraná e sugeriu ter sido coagido a
falar. Seu depoimento confirma o uso de prisão pelo juiz Sérgio Moro
para força as delações premiadas da Operação Lava Jato. De acordo com
'Careca', em meio aos seus depoimentos no ano passado, teve contato com o
doleiro Alberto Youssef, que o teria ajudado a "lembrar" dos lugares
onde esteve.
"O delegado falou que se eu não prestasse alguma colaboração, iria
ficar preso até a audiência, que era o que estava acontecendo. Era
praxe. Aí eu falei. Não tinha a menor intenção de ficar preso ali. Eu
estava transtornado", relatou. Segundo ele, o delegado Marcio Anselmo
disse que "Alberto [Youssef] vai lhe ajudar a fornecer os nomes e tal".
"[O delegado] Me forneceu uma carga de caneta, um pedaço de papel (...).
Minha cela era ao lado da dele [de Youssef]. Ele falou, 'olha, endereço
tal era fulano, era beltrano, sicrano e tal'. E eu fui anotando aquilo
mecanicamente", continuou.
Os trechos do depoimento foram publicados pelo jornal Valor
Econômico. No ano passado, o policial citou os nomes do deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e do ex-governador de Minas
Gerais Antonio Anastasia, do PSDB, como beneficiários do esquema
investigado pela Lava Jato. Ele então foi solto pelo juiz Sérgio Moro e
depois passou a ser considerado fugitivo pela Polícia Federal. Sua
aparição depois disso foi no depoimento de ontem em Curitiba.
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