De um lado, temos o exemplo do ex-presidente FHC, que viaja o mundo falando mal do Brasil.
Do mesmo lado, o exemplo do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que saiu do governo, abriu a Gávea Investimento e a vendeu ao JP Morgan. Ficou bilionário oferecendo todo o tipo de informação privilegiada que obteve enquanto foi governo.
De outro, o ex-presidente Lula, que
usa o seu capital político para ampliar as exportações de serviços das
empresas brasileiras, gerando empregos e renda para o país.
Quem é o bandido?
Para a Globo, é Lula.
A matéria da Época, o braço da Globo no mercado de revistas semanais, é um primor de mentira e manipulação.
O primeiro parágrafo nos permite vislumbrar a aparência e o odor do chorume da reportagem como um todo:
“Quando entregou a faixa
presidencial a sua pupila, Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, o petista
Luiz Inácio Lula da Silva deixou o Palácio do Planalto, mas não o
poder. Saiu de Brasília com um capital político imenso, incomparável na
história recente do Brasil. Manteve-se influente no PT, no governo e
junto aos líderes da América Latina e da África – líderes, muitos deles
tiranetes, que conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente, a
fim de, sobretudo, mover a caneta de seus respectivos governos em favor
das empresas brasileiras. Mais especificamente, em favor das grandes
empreiteiras do país, contratadas por esses mesmos governos estrangeiros
para tocar obras bilionárias com dinheiro, na verdade, do Banco
Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, presidido até hoje pelo executivo
Luciano Coutinho, apadrinhado de Lula.”
*
E dá-lhe infográficos, aqueles mesmos que nunca fizeram para a Operação Zelotes.
Uma liderança política não se esgota
no cargo que ocupa. Claro que Lula se manteve “influente no PT, no
governo e junto aos líderes da América Latina e da África”. Influência
não é crime, sobretudo se ela nasce do sufrágio universal e do prestígio
de ter realizado um bom governo.
Influência perniciosa é a da Globo, que nasce da ditadura.
Em seguida, a matéria fala em “tiranetes, que [Lula] conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente.”
Afora o estilo Veja, grosseiro e preconceituoso, temos aqui um modelo maravilhoso de hipocrisia.
A Globo, antes de exportar novelas para um país, avalia se o líder político desse país é chamado de tiranete?
O primeiro mundo se tornou primeiro
mundo não apenas fazendo acordos com “tiranetes”, mas ele mesmo
implantando tiranias mundo à fora. Os Estados Unidos, por exemplo, fez
isso aqui. Ajudou a instalar uma ditadura no Brasil, e daí ampliou seus
negócios com o país.
No caso do Brasil, as empresas brasileiras estão tentando exportar para quem está interessado em comprar. Ponto.
Nos EUA, ex-presidentes que ajudam
empresas americanas a ampliarem seus negócios no exterior são tratados
com estadistas e patriotas.
Aqui, Lula é tratado como bandido.
Europa é fechada para nossas
empresas, em virtude de suas rígidas (embora disfarçadas) políticas de
reserva de mercado. Os EUA são mais abertos, mas a concorrência é imensa
com as próprias companhias americanas. Mesmo assim, uma empreiteira
brasileira – a mesma Odebrecht, que a Globo tenta criminalizar – está construindo o aeroporto de Miami.
Fechando o parágrafo, a mentira final, de que as obras são tocadas “com dinheiro do BNDES”.
Ora, o BNDES serve para quê? Para emprestar dinheiro às empresas brasileiras.
É empréstimo. O empresário pega e depois paga, com juros e correção monetária.
Uma das linhas mais avançadas do
BNDES, em termos de incentivo ao desenvolvimento da nossa economia, é
justamente o financiamento à exportação de serviços. O BNDES empresta e
recebe de volta. É assim que o BNDES ganha dinheiro. A Globo está
saudosa do tempo em que o BNDES era o seu banco privado? Ou melhor, seu sócio?
Como a Globo acha que a China ou
qualquer país asiático ou europeu amplia a presença de suas empresas no
exterior? Com empréstimos do Citibank? Não, com financiamentos de seus
bancos públicos de fomento.
O BNDES, na era Lula, se tornou o
que deveria ter sido desde o início: fomentador de empresas brasileiras,
para ampliarem suas atividades no Brasil e no exterior; e não o que
se foi durante o pesadelo neoliberal, quando servia para emprestar
dinheiro para os compradores de nossas estatais, ofertadas a preço de
banana.
E por causa disso, os lucros anuais do BNDES passaram do patamar de R$ 1 bilhão antes da era Lula para 8 ou 9 bilhões nos últimos anos.
Ou seja, o BNDES está lucrando muito mais, financiamento muito mais.
Por que a mídia acha isso ruim?
Seria porque ela não representa o interesse nacional, e sim o
interesse de forças estrangeiras, que não desejam um Brasil mais
desenvolvido e mais autônomo?
Essa cumplicidade criminosa entre
setores partidários do Ministério Público com a grande mídia tem
produzido um clima de terror político que não traz nenhum bem social,
político ou econômico ao país.
Ao contrário, parece que o objetivo é
mudar a rota do Brasil, fazendo-o acelerar violentamente em direção a
um passado de subdesenvolvimento e desesperança.
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