247 – A presidente Dilma Rousseff e a candidata do
PSB, Marina Silva, entenderam a mensagem das últimas pesquisas de
opinião da eleição presidencial. Em situação de empate técnico em
primeiro turno - e com dez pontos de separação, a favor de Marina, na
simulação de segundo turno - elas já praticam tentativas de desconstruir
uma a outra, para obter votos sobre os correspondentes desgastes.
- Eu sou persistente, avisa Marina.
- Eu acredito no Brasil e vou defender o meu governo, anuncia Dilma.
No início da noite desta segunda-feira 1, as duas adversárias levaram
para o estúdio principal do SBT, em São Paulo, no debate organizado
pela emissora, o jornal Folha de S. Paulo, o portal UOL e a rádio Jovem
Pan estratégias praticamente iguais: ataque e defesa, de acordo com as
circunstâncias.
Abrindo, por sorteio, a primeira série de perguntas, Dilma logo
dirigiu para Marina. "Como a sra. vai pagar pelas suas promessas de
campanha?", quis saber a presidente, que calculou em R$ 140 bilhões os
custos dos programas apresentados por Marina até aqui para Saúde, na
qual prometeu investir 10% do Orçamento da União, e Educação, em que se
comprometeu com outros 10% do total de gastos do governo.
- Vou racionalizar os gastos públicos e administrar de forma não
cartesiana, respondeu Marina que, no entanto, foi confrontada pela
presidente, numa segunda rodada, sobre o fato de estar relegando o
pré-sal, explorado pela Petrobras, como forma de arrecadar recursos para
a área social. Marina chegou a dizer que o petróleo é um 'mal
necessário" e que sua prioridade é sustentar o programa do etanol e de
fontes alternativas de energia.
- O Brasil hoje é o segundo maior parque do mundo em instalações de
torres de energia eólica, lembrou a presidente. Na direção de Marina,
Dilma questionou:
- Por que a sra. despreza a riqueza do pré-sal que é tão cobiçada pelo mundo todo?, questinou Dilma.
- Eu acredito que a cadeia tecnológica do petróleo é importante, mas
acho que temos de estar não somente onde a bola está, mas onde ela vai
estar, disse Marina sobre fontes alternativas de energia.
Neste segundo embate, o primeiro depois da situação de empate técnico
entre Dilma e Marina, a presidente foi nitidamente mais assertiva. Ela
não teve receio em dirigir perguntas diretas à ex-ministra e citou, de
memória e também sob consulta de papeis, uma série de dados sobre sua
administração.
- A candidata tem dificuldade em reconhecer seus erros, alfinetou Marina, com sua forma enfática de falar, vestida de braço.
De blazer vermelho, Dilma afirmou que Marina não terá sucesso sem ampliar sua própria base política.
- Eu apostei na governabilidade, disse Dilma. A sra. não vai
conseguir nada no Congresso se não tiver apoio político, se não fizer
negociações. Sem isso, nada anda.
Marina deixou de lado, durante todo o debate, a expressão 'nova
política', que sofreu forte desgaste por uma série de razões. Desde o
jatinho sem dono em que voaram o ex-governador Eduardo Campos e a
própria Marina, até o fato de a candidata não revelar os nomes das
empresas que contrataram suas palestras, por um total de R$ 1,6 milhão,
nos últimos dois anos. O fato foi questionado pelo candidato tucano
Aécio Neves.
- Eu não vejo problema em revelar os nomes, mas só as empresas que contrataram é que podem fazer isso, respondeu Marina.
A candidata socialista encaixou um bom golpe ao dizer que respeita o
legado dos presidentes Fernando Henrique e Lula, com o nítido sentido de
ampliar sua base de apoio. Dilma, em considerações finais após Marina,
frisou que sua gestão é de continuidade à de Lula.
Serão assim, com intervenções pontuais do presidenciável do PSDB, que
caiu para o terceiro lugar nas pesquisas, citações aos dois
ex-presidentes e mais embates frontais entre Dilma e Marina, que
ponteiam, as próximas etapas da campanha.
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