247 - Em 2011,
primeiro ano do governo Dilma, uma reportagem da Folha de S. Paulo
revelou ao País a existência de uma consultoria chamada Projeto. Ela
pertencia ao então ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, e havia sido
criada por ele após sua queda do Ministério da Fazenda, ainda no
governo Lula.
Quando estourou o caso, Palocci foi
insistentemente cobrado a revelar quem eram seus clientes, para rechaçar
qualquer suspeita de tráfico de influência. O ex-ministro, no entanto,
decidiu preservar a identidade de seus clientes, alegando cláusulas de
confidencialidade em seus contratos. Resultado: foi demitido do governo
Dilma, depois que sua situação se tornou insustentável.
Àquela época, Palocci foi alvo de
uma saraivada de críticas da oposição e de uma incessante cobrança dos
meios de comunicação para que abrisse seus clientes. Até mesmo o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu um discurso nessa direção. "É preciso, e
eu acho que o próprio ministro tem interesse nisso, que se saiba quais
os serviços foram prestados, quais empresas fizeram a contratação. Mas
vamos aguardar com serenidade. Não é nosso interesse criar um movimento
de desestabilização do governo", afirmou, em maio de 2011.
Neste domingo, a Folha de S. Paulo revelou a existência de outra empresa: a M. O. M. da S. V. de Lima, que tem as iniciais de Marina Silva e comercializa suas palestras. Em três anos,
Marina ganhou R$ 1,6 milhão de clientes que pagaram para ouvi-la. No
entanto, a ex-senadora, que concorre à presidência da República pelo
Partido Socialista Brasileiro, decidiu usar o mesmo argumento de Antônio
Palocci em 2011 e omitir a identidade de seus clientes, alegando que os
contratos possuem cláusulas de confidencialidade.
É provável que, entre os apoiadores
de Marina nos últimos três anos, estejam financiadores já públicos e
notórios, como o Itaú e a Natura. Portanto, não seria surpresa alguma se
os nomes dessas duas empresas aparecessem na lista de contratantes
da M. O. M. da S. V. de Lima Ltda. No entanto, ao ocultar quem são seus
clientes, Marina não contribui em nada para o princípio da
transparência, tão valorizado na sua "nova política".
Será que Aécio, que cobrou Palocci,
irá cobrar Marina? E o que esperar da presidente Dilma? Os próximos dias
dirão se as campanhas dos candidatos de PT e PSDB estão, de fato,
dispostos a desconstruir a candidata Marina.
Mais um detalhe: comparar a situação
de Marina à dos ex-presidentes Lula e FHC, que também fazem palestras,
não é apropriado. Lula e FHC se tornaram palestrantes depois de deixar o
poder – e não antes. É uma diferença fundamental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário