SÃO PAULO (Reuters) - O programa de governo da
candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, divulgado na semana
passada, caso implantado traria benefícios a bancos privados e a
concessionárias de infraestrutura, mas poderia ser negativo para algumas
empresas do setor industrial, apontaram analistas do Citi em relatório
nesta terça-feira.
Os analistas Stephen Graham e Fernando Siqueira afirmaram que o
programa da candidata é economicamente conservador e socialmente
liberal, mesclando sustentabilidade social e ambiental com políticas
fiscal e monetária ordotoxas.
"As propostas macro são uma resposta direta às críticas do mercado à
política vigente", disseram os analistas, acrescentando que políticas
fiscal e monetária com credibilidade podem exigir medidas duras no
próximo ano.
"Provavelmente envolvem movimentos iniciais dolorosos nas taxas de
juros, impostos, gastos públicos e nos empréstimos dos bancos públicos
que podem manter a economia crescendo em marcha lenta em 2015."
Para eles, a proposta de Marina de desconcentrar o crédito
corporativo, com redução do papel dos bancos públicos, traria mais
espaço para os bancos privados crescerem.
No setor de infraestrutura, concessionárias como CCR, Ecorodovias,
Arteris, Cosan e ALL são potenciais beneficiárias, uma vez que o
programa prevê "recorrer mais fortemente a parcerias público-privadas
(PPPs) e a licitações de concessões".
A Cosan e a São Martinho também poderiam ser favorecidas pelo foco do programa em biocombustíveis, afirmaram os analistas.
O Citi destacou que o programa do PSB para o comércio exterior prevê a
revisão das políticas de conteúdo local para as indústrias automotiva e
de petróleo, e o estabelecimento de datas claras para o término e
revisão periódicas das barreiras à importação.
Essas propostas poderiam ser negativas para algumas indústrias, como
as siderúrgicas Gerdau, Usiminas e CSN, a petroquímica Braskem, a
empresa de materiais de construção Duratex e a empresa de produtos
farmacêuticos Hypermarcas, entre outras.
A Petrobras, por sua vez, poderia tirar proveito de uma eventual
redução de regras para conteúdo local que atualmente elevam seus custos
de investimento.
A promessa de construir 4 milhões de moradias até 2018 no programa
Minha Casa, Minha Vida é positiva para MRV, Direcional Engenharia,
Cyrela e Gafisa. No entanto, a proposta "entra em conflito com a
intenção de reduzir o déficit federal e tirar a ênfase do crédito via
bancos públicos", escreveram os analistas do Citi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário