Aécio foi ao Mineirão e, para não ser vaiado ou chamado de pé frio, saiu
escondido, antes do fim do jogo, ao contrário dos muitos brasileiros
que lá ficaram lambendo as feridas daquele triste Brasil x Alemanha.
Assim, escapulindo à sorrelfa, não pôde, no momento exato da tragédia,
verbalizar o que a cachorrada anti-Copa já estava preparada para latir: a
derrota da seleção brasileira era, claro, culpa do PT, da presidenta
Dilma, do Bolsa Família e do Mais Médicos, a depender do grau do déficit
intelectual de quem diz.
Nem Aécio, nem seu goleiro reserva, Eduardo Campos, tiveram coragem de
fazer essa ligação no dia do jogo. Não se deve abusar da inteligência do
eleitor num momento de grave comoção nacional, sob o risco de o tiro
sair pela culatra, como foi a vaia do Itaquerão.
Aécio, no entanto, esperou apenas dois dias para tomar coragem de se entregar a essa cafajestagem.
Dizer que Dilma irá pagar pela eliminação do Brasil é, além de
politicagem de quinta categoria, uma mentira mal montada: a seleção
ainda vai disputar o terceiro lugar, logo, ainda está na Copa.
Mas esse é o tipo de declaração feita para para brigar com os fatos
mesmo. Não saiu da boca de Aécio, mas dos intestinos de sua marquetagem e
da cloaca de seus seguidores ressentidos.
É, no fim das contas, uma tentativa tão infantil quanto previsível de
vincular o fracasso da seleção ao sucesso da Copa do Mundo do Brasil.
Aécio, ou quem quer que seja, na oposição ou na mídia, acusar o governo
de querer fazer uso político da Copa é uma piada sem graça da qual só os
tucanos e seus aliados, perdidos em seu tradicional isolamento
político, não se tocam.
Passaram os meses que antecederam à Copa torcendo como urubus pelo
fracasso do evento, por manifestações violentas, pela frustração dos
turistas. Torceram, todo o tempo, para nada dar certo.
Mas como tudo deu certo, menos a seleção, tentam, agora, colocar o time de Felipão no colo do governo.
Há apenas um tipo de cidadão propenso a cair nessa conversa: o idiota.
Então, a escolha é sua, eleitor.
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