Leandro Colon - Folha de S.Paulo
O senador Telmário Mota (PDT-RR) saiu correndo do plenário assim que apertou o botão a favor do impeachment de Dilma Rousseff na última quarta-feira (31).
Não
à toa. No dia 27 de abril, pouco depois de 14h, Telmário fez um
exaltado discurso na comissão criada no Senado para julgar previamente o
afastamento. Era o segundo dia de trabalhos do colegiado.
"Ela
não cometeu nenhum crime. Se querem tirar a presidente Dilma, vão tirar
naturalmente por uma questão política. E dizer que hoje a crise
brasileira é uma questão de seus atos é uma falácia, não se fundamenta
na verdade", declarou o senador aos colegas.
"Hoje
a presidente Dilma está sendo vítima de um impeachment, e ela não tem
nada a ver, por exemplo, com a Operação Lava Jato", afirmou. Ele
continuou: "Dilma não é acusada de roubar um único centavo".
O
senador ainda disparou críticas à escolha de Antonio Anastasia
(PSDB-MG) para a relatoria do processo. E fez uma previsão: "A história,
com certeza, não vai nos perdoar. Ela vai mostrar que faltou, sem
nenhuma dúvida, imparcialidade".
Telmário
votou contra o afastamento temporário de Dilma em maio. Na madrugada do
dia 10 de agosto, foi um dos 21 senadores que ficaram ao lado dela na
chamada "pronúncia do réu", etapa que deu aval ao julgamento de quarta.
Entre aquela votação e a última, Dilma não conseguiu aumentar seu quadro de apoio e ainda perdeu um voto, o de Telmário. Segundo contou o Painel, a petista soltou um "filho da puta" após o resultado quando viu a mudança de lado dele.
O
senador correu da sessão e deu uma justificativa por escrito. "Está na
nota", disse. Ele descobriu que Dilma foi incapaz de "conquistar uma
base de apoio congressual minimamente favorável ao seu governo".
Ao
mesmo tempo, o plenário do Senado descobriu quem foi o campeão na
corrida para ser o maior vira-casaca do processo de impeachment.
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