Do Sul 21 –
“As senhoras e os senhores estão preparados para a guerra civil? Não?
Entrincheirem-se, então, porque o conflito é inevitável. O povo
brasileiro, que provou por alguns poucos anos, o gosto da emergência
social não retornará submissamente à senzala”. A advertência foi feita
nesta terça-feira (30), pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), em seu
pronunciamento no Senado Federal durante o julgamento do processo de
impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo Requião, as propostas
defendidas por aqueles que querem a derrubada de Dilma representam uma
combinação explosiva de entreguismo com medidas contra os aposentados,
os assalariados, os mais pobres, contra direitos e conquistas populares,
que alimentam as contradições de classe e, em consequência, a luta de
classes.
“Se as senhoras e os senhores concordam com a redução do Brasil a um
medíocre estado associado, outro Porto Rico, que se sintam servidos. Não
será a primeira vez que os abutres e os corvos caem sobre o nosso país,
retalhando-o, estraçalhando-o, sugando-o”, acrescentou o senador, que
repetiu as palavras que Tancredo Neves dirigiu contra Moura Andrade que
declarou vaga a presidência com João Goulart ainda em território
nacional, consumando o golpe de 64: “Canalha! Canalha! Canalha!”,
repetiu, dirigindo-se a Aécio Neves, neto de Tancredo, e aos demais
senadores que querem derrubar a presidenta da República.
“As intenções do vice que quer ser titular são claras, solares”, emendou Requião:
– Desvincular o reajuste das aposentadorias e pensões do aumento do
salário mínimo. Será a destruição do maior instrumento de distribuição
de renda do país, que é a Previdência Social. Se pensões e
aposentadorias não mais acompanharem o aumento do salário mínimo vai ser
um massacre contra mais de 20 milhões de brasileiros.
– Rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos
80 anos, especialmente direitos e garantias previstos na CLT. Impor,
como pedra de toque dessa revisão, o negociado sobre o legislado.
– Eliminar tímidas conquistas na área da igualdade de gênero.
– Congelar por inacreditáveis 20 anos as despesas correntes e de
investimento da União, excetuando-se as despesas financeiras com o
serviço da dívida pública. Ou seja: congelar por duas décadas as
despesas com saúde, educação, segurança pública, saneamento,
infraestrutura, habitação, mas garantir o pagamento de juros.
– Privatização em regra e alienação radical de todo o patrimônio
energético, mineral, florestal, agrário, territorial, hídrico, fabril,
tecnológico e aéreo do Brasil. Depois da entrega do pré-sal, da venda de
terras para os estrangeiros, querem entregar até mesmo o Aquífero
Guarani, a maior reserva de água potável do planeta.
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