O Senado deve cassar nesta quarta (31) o mandato de Dilma Rousseff.
Dos quatro presidentes eleitos depois da ditadura militar, ela será a
segunda a sair antes da hora. Não é um bom retrospecto para a jovem
democracia brasileira.
O
longo processo de impeachment chega ao fim num momento de anticlímax.
Na véspera da votação, pouca gente se animou a protestar contra ou a
favor em frente ao Congresso. Sem povo na rua, a cena foi dominada pelos
advogados, que ocuparam a tribuna pela última vez.
Pela acusação, a doutora Janaina Paschoal ofereceu o espetáculo esperado.
Fez caretas, chorou e disse que pensava nos netos de Dilma ao propor
seu afastamento. Na versão dela, foi Deus, e não Eduardo Cunha, quem
arregimentou as tropas para derrubar o governo.
O
ex-ministro Miguel Reale Jr. dissertou sobre o "Brasil alegre, do
sorriso, do gingado e do samba no pé". Depois reclamou da "esperteza
malandra" e disse que o país precisa valorizar a persistência e a
labuta. Não parecia, mas ele estava defendendo a destituição da chefe de
Estado.
Pela
defesa, o ex-ministro José Eduardo Cardozo também tentou apelar à
emoção. Numa passagem, disse que Dilma foi discriminada por ser mulher.
Noutra, insistiu em comparar o processo legal do impeachment com a
desumanidade da tortura.
No último dia de debates, a maioria dos votantes não parecia preocupada em discutir decret, hoje no PV.
O
placar estava praticamente definido, mas alguns senadores ainda se
diziam indecisos para arrancar mais cargos no governo. O peemedebista
Garibaldi Alves Filho, que foi ministro de Dilma e agora apoia Michel
Temer, arriscou uma piada: "Dizia-se que o Senado era o céu. E eu,
quando ocupei a presidência desta Casa, disse: pode ser o céu, mas não
tem nenhum santo". os ou pedaladas. "É evidente que o que julgamos aqui é
um detalhe diante do conjunto da obra", reconheceu o ex-tucano Álvaro
Dias
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