Do UOL-A Câmara dos Deputados decidiu nesta segunda-feira (12) cassar o
mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de ter mentido ao
afirmar que não possuía contas no exterior em depoimento na CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras no ano passado.
Assim, Cunha perde o mandato e fica inelegível por oito anos devido à
Lei da Ficha Limpa.
A cassação foi aprovada por 450 votos a
favor, 10 contra e 9 abstenções; 470 deputados participaram da sessão,
incluindo o presidente da Casa, que só votaria se houvesse empate. Ao
deixar o plenário após a votação, Cunha ouviu gritos de "adeus, Cunha" e
"fora".
Em seu discurso no plenário antes da votação, Cunha negou ter mentido à CPI e relacionou sua cassação ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em seu discurso no plenário antes da votação, Cunha negou ter mentido à CPI e relacionou sua cassação ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
"Eu estou pagando o preço de ter meu mandato cassado por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que estou pagando para Brasil ter ficado livre do PT", afirmou o peemedebista. "O que quer o PT é um troféu para poder dizer que é golpe", disse Cunha. "Alguém tem dúvida que se não fosse minha atuação, teria processo de impeachment?", perguntou retoricamente o deputado.
Durante sua fala, deputados petistas gritavam "golpista". Faixas e
cartazes com os dizeres "fora, Cunha" e um boneco que representava Cunha
com roupas de presidiário podiam ser vistos no plenário. No ano
passado, Cunha foi o responsável por aceitar o pedido de impeachment de
Dilma, que acabou deixando a Presidência em definitivo no último dia 31.
Após o resultado, Cunha deu uma entrevista em que criticou o governo Temer
por ter apoiado a eleição de Maia à presidência da Câmara. "O governo é
culpado quando fez o patrocínio [da candidatura de Rodrigo Maia],
porque quem elegeu o presidente [da Câmara] foi o governo. Quem derrotou
o candidato Rogério Rosso foi o governo", declarou. Ele afirmou ainda
que escreverá um livro contando os bastidores do impeachment.
O
agora ex-deputado disse que, mesmo depois de cassado, não irá aderir às
delações premiadas da Operação Lava Jato. Ele é réu em dois processos
que apuram sua participação no esquema de cobrança de propina em obras
de empresas estatais. "Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou
criminoso, não tenho que fazer delação", afirmou.
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