Do blog da cidadania
No mínimo, é passível de grande desconfiança a hipótese de que tenha
partido do governo Dilma ou do comando da campanha da presidente à
reeleição a decisão de inserir críticas nos perfis que os jornalistas
Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg têm na Wikipédia.
Essa insinuação – quase uma afirmação –, porém, está sendo feita por
entidades como Associação Brasileira de Imprensa, Associação Nacional de
Jornais, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e
Federação Nacional dos Jornalistas.
E, claro, pela costumeira horda de colunistas, comentaristas,
editorialistas e blogueiros tucanos – assumidos ou dissimulados – que
fazem oposição cerrada ao governo federal e ao Partido dos
Trabalhadores.
As entidades supracitadas manifestaram “preocupação” com o episódio,
colunistas etc. já acusam diretamente o governo e, por tabela, a
presidente da República. É inaceitável. Dilma, seu governo e seu partido
estão sendo tratados como criminosos, estão sendo condenados sem
direito a defesa e sem que a investigação sequer tenha começado.
Alguém acredita que se o alvo da inserção de críticas na enciclopédia
eletrônica fosse um petista ou um jornalista simpático ao PT – assim
como Leitão e Sardemberg são simpáticos ao PSDB – esse caso seria
tratado como está sendo?
No mínimo, se o presidente da República fosse tucano e um jornalista
simpático a ele fosse alvo de ataque igual, Globos, Folhas, Vejas e
Estadões diriam que aquele governo foi alvo de armação do PT.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a iniciativa de inserir as
críticas contra os jornalistas nos perfis deles na Wikipédia é tão
estúpida e tão inútil que jamais poderia partir de alguém com um mínimo
discernimento.
Como qualquer um pode modificar a Wikipédia, se o autor das
alterações fosse alguém com um mínimo de inteligência ele se daria conta
de que o que estava fazendo pode ser feito contra qualquer um,
inclusive contra os políticos que eventualmente estivessem por trás
dessa ação destrambelhada.
Imaginem só uma guerra de adulteração de perfis na Wikipédia. Um faz
contra Lula, outro faz contra Fernando Henrique Cardoso e, ao fim e ao
cabo, a mesma Wikipédia acabaria deletando tudo, pois as modificações
são submetidas a comitês que avaliam sua veracidade.
Em segundo lugar, portanto, se quem promoveu a alteração na
enciclopédia eletrônica tivesse o mínimo de conhecimento de como ela
funciona saberia que aquela alteração seria rapidamente desfeita.
Em terceiro lugar, está o alcance político-eleitoral da Wikipédia.
Ainda que fosse um site muito consultado por eleitores, as críticas
inseridas não foram contra políticos. Quantos consultam os perfis de
jornalistas – mesmo de renome – naquele site? Por que alguém iria
consultar os verbetes sobre Leitão e Sardemberg?
Bastará verificar a quantidade de acessos que os perfis dos dois
jornalistas receberam desde maio do ano passado – quando foi feita a
adulteração – para constatar que muito pouca gente deve ter visto as
críticas a eles.
Só alguém muito estúpido acharia “eficiente” fazer um ataque político
como esse. Não falta gente estúpida, por aí. Mas afirmar que essa seria
uma estratégia de um partido ou de um governo é uma completa palhaçada,
para dizer o mínimo.
Não existe uma lógica em o governo ou o PT promoverem uma fraude
contra esses dois jornalistas. Mas essa não é a maior evidência lógica a
desmontar as acusações explícitas e veladas contra a própria presidente
da República, seu governo e seu partido.
Será que alguém tem coragem de afirmar que um partido como o PT ou o
governo do país ou a própria presidente da República seriam tão
estúpidos de praticar um ato desses usando o sinal de internet do
Palácio do Planalto? Se fossem fazer algo assim, por certo fariam de
outro local.
Devido à ilação irresponsável da Globo e de seus bate-paus de
acusarem, velada ou explicitamente, a própria Dilma por um ato de
absoluta insensatez que mal dá para acreditar que alguém tenha cometido
com a intenção que insinuam, o caso se torna suspeito.
Assim como a mídia tucana já está “testando hipóteses” sobre a
culpabilidade da presidente ou de seu partido, pode-se testar outras
hipóteses…
Este blogueiro mesmo já usou a rede de internet sem fio do Palácio do
Planalto. Em novembro de 2010, participei de entrevista que o então
presidente Lula concedeu a blogueiros e conectei meu notebook à rede
palaciana.
A rede de internet sem fio do Planalto ou de qualquer outra sede do
Executivo, seja federal, estadual, municipal ou mesmo do Legislativo ou
do Judiciário, pode ser acessada sem problemas por visitantes.
Em 2012, estive no gabinete do ministro do STF Ricardo Lewandowski e usei a rede sem fio da sede do Judiciário em Brasília.
Nas empresas privadas, nos shoppings, nos aeroportos, enfim, em
qualquer local, público ou privado, há redes de internet sem fio
franqueadas a visitantes. Desse modo, seria fácil a algum adversário
político de Dilma, de Lula ou do PT fazer essa modificação na Wikipédia
usando a rede do Planalto.
Para que? Para incriminar a presidente, seu governo, seu partido ou a campanha dela à reeleição.
O Palácio do Planalto é um local público. Ainda que tenha entrada
controlada, não são apenas aliados que o visitam. É impossível, é
injusto, é irresponsável, enfim, é virtualmente criminoso, portanto,
acusar diretamente a presidente ou seu governo ou seu partido pelo
episódio.
Tudo isso soa a mais um dos costumeiros factoides que a Globo produz
em períodos eleitorais contra o candidato petista a presidente. Soa a
mais uma “bolinha de papel” da Globo, previsível como o alvorecer em
anos eleitorais.
Começou a campanha eleitoral e as notórias armações que Globo e companhia fazem contra o candidato petista a presidente da vez.
Pode, sim, ter sido algum bajulador do PT ou de Dilma que tenha
cometido a insensatez de promover alterações nos perfis dos jornalistas,
mas a hipótese de que a presidente possa ter sido alvo de uma armação é
até melhor do que a de que ela está por trás desse caso.
A Panela do PT é uma só veja João Paulo defendendo os mensaleiros do PT que confiança temos ou teremos neste partido?
ResponderExcluir