247 – Um cálculo feito por pesquisadores da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) comprova que o principal
noticiário da TV brasileira, o Jornal Nacional, é definitivamente usado
pela Globo como um instrumento de oposição ao governo. Pesquisa chamada
de 'manchetômetro' pelos membros do Laboratório de Estudos de Mídia e
Esfera Pública da Universidade conclui que o JN veiculou disparadamente
mais notícias negativas contra a presidente Dilma Rousseff (PT) do que
contra seus adversários.
De acordo com os gráficos do manchetômetro, o Jornal Nacional dedicou
1 hora e 22 minutos em 2014 para notícias consideradas desfavoráveis
para a petista, contra apenas três minutos para reportagens consideradas
favoráveis. Em contrapartida, o candidato do PSDB, Aécio Neves, teve
7,42 minutos de noticiário positivo esse ano, e 5,35 minutos de notícias
negativas. Eduardo Campos, presidenciável pelo PSB, foi alvo de pouco
mais de 30 minutos de reportagens consideradas neutras, de acordo com os
pesquisadores.
O Jornal Nacional começa a receber nesta segunda-feira 11, para
entrevistas ao vivo com os âncoras William Bonner e Patrícia Poeta, os
candidatos à Presidência da República melhor posicionados nas pesquisas.
Além de Dilma, Aécio e Campos, será entrevistado o candidato do PSC,
Pastor Everaldo, com 3% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope.
Aécio inicia a rodada hoje, seguido de Campos, nesta terça-feira 12. Na
quarta, é a vez da presidente Dilma, que recebe os jornalistas no
Palácio do Planalto. O Pastor Everaldo fecha o ciclo de entrevistas na
quinta-feira.
Manchetômetro – mídia impressa
Outra mostra do manchetômetro foi divulgada no dia 1º de agosto e
pesquisa as manchetes dos principais jornais impressos do País: Folha de
S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Nesse levantamento, os
pesquisadores da Uerj também mostram que o noticiário negativo contra
Dilma ultrapassa de longe a quantidade de reportagens negativas contra
Aécio e Campos (veja no gráfico abaixo), publicado há 11 dias no blog O Cafezinho, de Miguel do Rosário, onde há mais detalhes da pesquisa.
Nas páginas do grupo no Facebook e no Twitter, os pesquisadores afirmam não ter "qualquer filiação partidária ou com grupo econômico". Idealizador da pesquisa, o cientista político João Feres Júnior diz, em entrevista ao portal Imprensa, que o manchetômetro é uma ferramenta da cidadania, "pois torna o leitor um eleitor mais consciente acerca do que lhe é oferecido como informação".
O estudo utiliza como método a análise de valência, ou seja, a
verificação se a reportagem publicada representa uma imagem positiva ou
negativa sobre o candidato pesquisado. Não se trata de confirmar a
veracidade da informação, mas apenas de registrar a quantidade de
matérias positivas ou negativas para a imagem dos respectivos políticos.
O site do manchetômetro traz mais detalhes do levantamento, mas a página está fora do ar nesta segunda-feira.
"Se você olhar nossos dados, vai ver que a mídia tende a privilegiar
as manchetes negativas. Existe essa preponderância para todos os
candidatos. A proporção é que é diferente. A Dilma tem muito mais
notícias negativas em relação às positivas que os outros. Eles são
beneficiados, traduzindo em termos mais chulos, por que a mídia bate
muito mais na Dilma", disse ele em outra entrevista, concedida ao portal Terra.
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