247 – Quando o
presidente do Congresso, Renan Calheiros, voou em uma aeronave da FAB
com objetivos que não tinham relação com sua atividade parlamentar – um
tratamento de implante capilar –, o pedido de desculpas dele pelo erro
se deu na forma da devolução, no final do ano passado, da quantia de R$
27.390,25 aos cofres da União.
Na ocasião do voo, em 18 de
dezembro, a ida a Recife, partindo de Brasília, não constava na agenda
de Renan. Nos registros da FAB, a viagem foi justificada como "serviço".
A assessoria de imprensa do Senado informou, então, que caso a Força
Aérea Brasileira considerasse o uso do jato irregular, o senador arcaria
com os gastos correspondentes, com base em cálculo feito pela própria
FAB. Foi o que ocorreu.
Na quarta-feira 15, uma denúncia do
jornalista Felipe Recondo, de O Estado de S.Paulo, envolvendo o
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ressaltou a
diferença de comportamento entre dois chefes de poderes da República.
Para viajar à Europa em seu período
de férias, Barbosa terá 11 diárias pagas pelo STF, que somam R$
14.142,60. Flagrado, nem se desculpou muito menos fez menção de
ressarcir os cofres públicos. Apenas divulgou sua agenda, três dias
depois, com compromissos que parecem ter sido montados para justificar
as diárias obtidas nas férias (leia mais aqui).
A assessoria de imprensa do Supremo
sustenta que Barbosa terá compromissos oficiais, com duas palestras em
Paris e em Londres, e encontros com ministros europeus entre os dias das
apresentações – marcadas para 24 e 29 de janeiro. Nos outros dias,
foram divulgados compromissos de menor relevância, como, por exemplo, a
visita a uma biblioteca.
No caso de Renan, o não registro de
um compromisso em sua agenda oficial levou todos os principais jornais e
portais de notícias brasileiros a apontarem a irregularidade. A verba
foi devolvida.
No tour europeu de Barbosa, a falta
de transparência, antes, e a persistência no erro, agora, merecem um
espaço incomparavelmente menor na mídia tradicional. Mas a atitude de
buscar recursos públicos em plenas férias não combina em nada com a pose
de paladino da ética que o presidente do STF, potencial presidenciável,
gosta de ostentar.
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